Manuel Fernandes pensou que Bruno de Carvalho ia despedir Jorge Jesus
Sporting
3 de dez. de 2019, 18:23
— Lusa/AO Online
“Tivemos
uma reunião na véspera [da invasão] e o presidente disse uma frase que
me fez pensar que ele se estava a referir ao despedimento do treinador”,
afirmou Manuel Fernandes, aludindo à pergunta de Bruno de Carvalho:
“Amanhã, vamos estar todos na academia às 16:00, e aconteça ou que
acontecer vocês estão comigo?”.À tarde,
Paulo Cintrão, assessor de imprensa da equipa de futebol, também
confirmou a reunião e a afirmação do ex-presidente: “Olhámos todos uns
para os outros e pensámos: ‘o Jorge Jesus já foi’”. Na
sessão de segunda-feira, Ricardo Gonçalves, chefe de segurança da
academia à data dos factos, também referiu a reunião de 14 de maio de
2018 e a afirmação de Bruno de Carvalho, um dos 44 arguidos que estão a
ser julgados no tribunal de Monsanto.Manuel
Fernandes, que à data coordenava o departamento de ‘scouting’ do clube,
referiu em tribunal que nem todos os indivíduos que invadiram a
academia do clube, em Alcochete, entraram no balneário onde foram
agredidos futebolistas e elementos da equipa técnica.“Penso,
pelo aglomerado de pessoas que vi, que houve muitos que não entraram no
balneário. Quando entrei no balneário vi quatro ou cinco pessoas de
cara tapada” a falarem com alguns jogadores, como Rui Patrício, William
Carvalho, Battaglia e Acuña”, disse Manuel Fernandes.O
antigo internacional português revelou que viu à entrada do balneário
“Bas Dost com sangue na cabeça, deitado no chão e a chorar”,
acrescentando não ter visto “quem o agrediu” e dizendo, mais tarde, que o
avançado holandês “esteve caído no chão 10 ou 15 minutos”. Manuel
Fernandes explicou que no trajeto entre o seu gabinete, à entrada do
edifício, e o balneário, houve um indivíduo, que “levava um cinto na
mão” e lhe disse: “Desvia-te ‘Manel’, que isto não é contigo”.O
coordenador do departamento de ‘scouting’ disse não ter visto
“agressões”, tendo presenciado apenas “gritos e intimidação verbal”,
qualificando o momento de “uma coisa muito feia”.Manuel
Fernandes admitiu que, “a certa altura, ligou ao treinador Jorge Jesus a
pedir para ir para casa”, porque não se estava a sentir bem, tendo
voltado depois, quando percebeu que os jogadores estavam a depor na GNR.O
coordenador do ‘scouting’ do Sporting, que disse não conseguir
identificar nenhum dos agressores, admitiu não ter visto Bruno de
Carvalho na academia naquele dia, mas disse saber que “ele estava num
gabinete, depois de ter chegado com o André Geraldes, uma hora e meia
depois da invasão”.O antigo presidente do
Sporting Bruno de Carvalho, um dos 44 arguidos do processo, voltou a
marcar presença no tribunal de Monsanto apenas durante a manhã, mas não
prestou qualquer declaração aos jornalistas.Fernando
Mendes, antigo líder da claque Juventude Leonina e também arguido no
processo, esteve igualmente hoje no tribunal, tendo afirmado à entrada
que a sua presença na academia no dia da invasão “foi uma coincidência”.O
antigo líder da claque disse ter ido a Alcochete “para terminar uma
conversa com Jorge Jesus, iniciada dias antes, no aeroporto do Funchal,
depois da derrota dos ‘leões’ no terreno do Marítimo, para a Liga (2-1),
que custou ao Sporting a possibilidade de conseguir a qualificação para
a Liga dos Campeões.O julgamento
prossegue na quarta-feira, com a audição de Raul José e Miguel Quaresma,
que integravam a equipa técnica de Jorge Jesus, e de Nelson Pereira,
que era o treinador de guarda-redes.