Manuais escolares deverão ser usados três vezes e substituídos
17 de out. de 2018, 13:14
— Lusa/AOOnline
“A
ideia é cada manual ter três utilizações”, afirmou o secretário de
estado da Educação, João Costa, durante uma audição na Comissão de
Educação e Ciência, no parlamento.A
pedido do CDS-PP foi discutida a forma como correu o alargamento da
distribuição de manuais escolares até ao 6.º ano, abrangendo cerca de
meio milhão de estudantes, com os centristas a considerar que correu mal
e a equipa do Ministério da Educação a reconhecer algumas falhas, mas
fazendo um balanço positivo.Este
ano letivo, o Ministério da Educação distribuiu manuais a cerca de 500
mil alunos até ao 6.º ano, através de uma plataforma informática que
atribuiu ‘vouchers’ para que as famílias pudessem escolher onde queriam
levantar os livros.Apesar
de saudar a medida, a deputada do CDS-PP Ana Rita Bessa não poupou
críticas, considerando que famílias, escolas e livreiros locais “foram
prejudicados” devido à “incompetência do Governo”. Para
o CDS, o Ministério da Educação "falhou com as famílias", uma vez que
houve atrasos no processo de distribuição dos manuais que levou a que
muitos alunos começassem as aulas sem livros, "falhou com as escolas" ao
aumentar o seu trabalho burocrático e "falhou com os livreiros locais",
uma vez que só os grandes grupos conseguiram dar resposta às famílias.Para
a equipa do Ministério da Educação a visão é diferente: A distribuição
de manuais “correu verdadeiramente bem”, afirmou o ministro Tiago
Brandão Rodrigues, apoiado pela secretária de Estado Alexandra Leitão.A
secretária de Estado lembrou que se tratou do primeiro ano de
funcionamento da plataforma e de alargamento aos alunos do 2.º ciclo, e
que era preciso garantir “um equilíbrio entre o rigor na despesa pública
e a agilização que se quer”.“Perguntam
se correu tudo bem? Não. Se era possível montar um sistema que
funcionasse logo bem? Não”, defendeu Alexandra Leitão. Para
o ano, a medida será alargada a cerca de 1, 2 milhões de alunos do 1.º
ao 12.º ano, que frequentam as escolas públicas do país, de acordo com a
proposta de Orçamento do Estado para 2019.Alexandra Leitão acredita que irá correr melhor, uma vez que já não será o ano piloto da plataforma.Questionado
pelo PCP sobre a possibilidade de os manuais serem oferecidos a título
definitivo aos alunos no 1.º ciclo, Tiago Brandão Rodrigues explicou que
a ideia é criar hábitos de reutilização: “A política de reutilização
tem de fazer o seu caminho”.Joana
Mortágua considerou a “medida revolucionária” e a deputada do PCP Ana
Mesquita lembrou que a decisão significa “uma poupança para as famílias
de 1.435 euros por percurso escolar”.Da
discussão da aplicação da medida, passou-se à discussão da medida em
si, com o PSD a criticar a distribuição de manuais por todos
independentemente da capacidade financeira das famílias.Lembrando
que os “recursos do Estado são escassos”, a deputada Ana Sofia
Bettencourt criticou a opção de “desviar fundos para suportar manuais a
famílias que têm capacidade para os adquirir”.Assim, a social-democrata olhou para a iniciativa como uma “medida igualitária e não como uma igualdade de oportunidades”. Declarações
que levaram a secretária de Estado Alexandra Leitão a colocar as visões
políticas em dois patamares: os que defendem um “estado social de
direito” e os que preferem “o estado assistencialista”.Já
o ministro acusou o PSD de ser contra a gratuitidade: “O PSD quer um
sistema para aqueles que têm possibilidades e são ricos e um sistema
para os outros”, criticou Tiago Brandão Rodrigues, considerando a medida
“um avanço civilizacional e ambiental”.Os deputados discutiram ainda, a pedido do PSD, a situação de carência de assistentes operacionais nas escolas.Álvaro
Batista, do PSD, lembrou um estudo do ministro das Finanças que, há
três anos, concluía que o regresso às 35 horas semanais iria significar
uma carência de cerca de 3500 assistentes operacionais nas escolas,
tendo apresentado escolas onde esta falha impediu a realização de
aulas.Tiago
Brandão Rodrigues referiu que se tratava de casos pontuais: “Temos cerca
de seis mil escolas e o senhor deputado traz cinco casos de escolas,
que não deixam de ser muito importantes mas são cinco casos”.