Manuais digitais devem ser acompanhados de manuais em papel
26 de jul. de 2024, 09:36
— Lusa/AO Online
“O
manual digital não é, de forma alguma, nunca foi, nem pretendeu ser, o
único recurso em sala de aula. O manual digital é um recurso portentoso,
que deve ser usado, acompanhado de outros recursos e materiais via
papel”, explicou a secretária regional da Educação, Sofia Ribeiro,
durante uma audição parlamentar na Comissão de Assuntos Sociais da
Assembleia Regional, reunida em Ponta Delgada.António
Fidalgo, do Sindicato Democrático dos Professores dos Açores (SDPA),
também ouvido pelos deputados, diz que a realidade nas escolas do
arquipélago (onde os manuais digitais foram introduzidos há apenas três
anos) não é bem essa e que a utilização de manuais digitais e de em
papel, em simultâneo, seria, de facto, o ideal.“Isso
seria o melhor dos mundos! Eventualmente, se nós pudéssemos ter as
ferramentas digitais e, ao mesmo tempo, termos o manual em papel, se
pudermos trabalhar com os dois, seria o melhor dos mundos”, insistiu o
docente, acrescentando não saber se haverá, no entanto, capacidade
financeira, por parte da tutela, para seguir esse caminho.A
utilização de manuais digitais nas escolas tem gerado opiniões
divergentes, entre aqueles que elogiam o recurso a novas tecnologias nas
aprendizagens e os que alertam para os riscos excessivos que a
exposição dos ecrãs pode ter nas crianças em idade escolar.O
deputado do Bloco de Esquerda ao parlamento açoriano, António Lima,
apresentou uma proposta na Assembleia Regional que defende a restrição
no uso de manuais digitais e também a proibição do uso de telemóveis nos
recreios das escolas para os alunos do 1º e do 2º ciclo do ensino
básico.João Filipe Matos, especialista na
área da Educação e responsável pela implementação do projeto dos manuais
digitais no arquipélago da Madeira (que está em fase mais avançada, em
relação aos Açores), também ouvido pelos deputados, concorda com as
restrições à utilizam de ‘smartphones’ aos alunos, sobretudo aos de mais
tenra idade, mas já tem muitas reservas em relação às restrições a
impor aos manuais digitais.“Alguns destes
alunos já há três anos que não utilizam uma mochila pesada, uma vez que
só usam um ‘tablet’ mas, ao mesmo tempo, uma boa percentagem deles passa
muito tempo no telemóvel”, referiu o especialista, baseando-se num
estudo efetuado junto das escolas da Madeira.Além
dos sindicatos dos professores e da tutela, a Comissão de Assuntos
Sociais já ouviu também a Secção dos Açores da Ordem dos Psicólogos e a
Associação Desliga (criada para alertar para os riscos da internet), que
manifestaram preocupações com a excessiva utilização de ‘tablets’ e
‘smartphones’ nas escolas.