Manifesto exige retirada de proposta do Governo sobre a caça nos Açores
8 de nov. de 2017, 16:29
— LUSA/AO online
Segundo
um comunicado enviado à agência Lusa, o “Manifesto pela defesa das aves
açorianas e contra a sua caça” conta com as assinaturas de associações
como os Amigos dos Açores, Quercus/São Miguel, do Coletivo Açoriano de
Ecologia Social, da Avifauna dos Açores e de mais de 350 pessoas
individuais.O
manifesto disponível na plataforma change.org
(https://www.change.org/p/assembleia-legislativa-da-regi%C3%A3o-aut%C3%B3noma-dos-a%C3%A7ores-manifes...)
"critica e pede a retirada da atual Proposta de Decreto Legislativo
Regional sobre o exercício da caça nos Açores, apresentada recentemente
pelo Governo".No
documento pode ainda ler-se que a proposta "não está apoiada num grau
suficiente de conhecimento científico, não respeita o cumprimento dos
tratados internacionais e não protege de forma satisfatória nem adequada
a frágil natureza dos Açores".Segundo
um comunicado da Avifauna dos Açores, os subscritores comungam "das
mesmas reivindicações apresentadas também num recente comunicado pela
Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves (SPEA)".Recentemente,
a SPEA defendeu que a proposta sobre o novo regime jurídico da gestão
dos recursos cinegéticos e da caça nos Açores deveria ser reformulada.Os
subscritores também consideram que se devem "excluir definitivamente da
lista de espécies cinegéticas as aves nativas que apresentam um estado
de conservação desfavorável, como a narceja ou a galinhola, as aves
migradoras que utilizam os escassos e valiosos habitats aquáticos, como o
pato-real, a marrequinha e a piadeira, e as aves de origem exótica,
como a perdiz-vermelha e a perdiz-cinzenta, que mesmo por razões legais
nunca deveriam ser introduzidas na região".Alertam
para o facto de "quatro aves migradoras protegidas estarem fortemente
expostas à caça por serem praticamente impossíveis de diferenciar de
outras quatro incluídas atualmente na lista de espécies cinegéticas" e
pedem a proibição da utilização na caça de aves de presa e do furão, uma
espécie exótica invasora nos Açores.Para
os assinantes do manifesto "a caça de aves açorianas, praticada por uma
minoria de caçadores, é altamente subsidiada com dinheiro, equipamentos
e funcionários públicos, sendo que o seu escasso benefício contrasta
claramente com o impacto negativo que exerce sobre outras atividades
económicas mais importantes para a região", como o turismo.O
Governo açoriano já se manifestou disponível para acolher propostas de
alteração ao regime jurídico da gestão dos recursos cinegéticos e do
exercício da caça no arquipélago, “desde que sejam pertinentes e
exequíveis”.Uma
nota do executivo açoriano, de 31 de outubro, citando a diretora
regional dos Recursos Florestais, Anabela Isidoro, referia que as
questões levantadas pela SPEA “foram devidamente analisadas,
equacionadas e acauteladas aquando da elaboração da proposta de diploma
em apreciação".Contudo,
os subscritores do manifesto lamentam "a insistência do executivo
açoriano em ignorar o conhecimento científico existente e em continuar a
defender opções ambientais caducas e erradas".