Manifesto dos 50 condena divulgação de escutas que envolveram Costa

Operação Influencer

Hoje 17:44 — Lusa/AO Online

Em comunicado, o movimento cívico com intervenção na área da Justiça, criado em maio de 2024, disse repudiar e condenar “a flagrante violação do segredo de justiça”, na sequência da divulgação das conversas de vários arguidos da Operação Influencer com António Costa - que não é arguido -, pela revista ‘Sábado’.“As quebras do segredo de justiça, com divulgação mediática, boicotam a investigação e atropelam de forma grosseira os mais elementares direitos dos cidadãos”, lê-se no comunicado. O Manifesto dos 50, que integra figuras como os ex-presidentes da Assembleia da República Augusto Santos Silva e Eduardo Ferro Rodrigues, considerou ainda que “no caso concreto [da divulgação de escutas], oferecem gratuitamente à curiosidade pública, factos sem relevância criminal e que pertencem, ou ao foro da governação e do Estado, ou à reserva da vida privada dos escutados”. A divulgação do conteúdo das escutas tem ainda como consequência, admitiu o Manifesto dos 50, “um efeito demolidor sobre a credibilidade das instituições democráticas”, ao mesmo tempo que promove “o crescimento dos movimentos populistas”. Ao procurador-geral da República, o movimento cívico pediu que Amadeu Guerra assuma as suas responsabilidades institucionais, “dando conta pública das iniciativas que empreendeu e do seu andamento e resultado”, considerando também que cabe ao Presidente da República "garantir o regular funcionamento das instituições democráticas".Também hoje, a defesa de António Costa pediu esclarecimentos à Procuradoria-Geral da República (PGR) e questionou “por que razão continua a ser libertado, a espaços, o conteúdo de determinados processos-crime que ainda se encontram em investigação, e ao qual não é dado acesso a quem mais neles tem legítimo interesse?”. Em nota publicada durante a tarde, a PGR esclareceu que nem todos os inquéritos da ‘Operação Influencer’ têm segredo de justiça interno, o que possibilitou o acesso dos arguidos “por diversas vezes”, mas não de jornalistas.Em 07 de novembro de 2023, foram detidas e posteriormente libertadas no âmbito da Operação Influencer cinco pessoas, incluindo o então chefe de gabinete de António Costa, Vítor Escária.Há suspeitas de crime na construção de um centro de dado em Sines, distrito de Setúbal, na exploração de lítio em Montalegre e Boticas, ambas no distrito de Vila Real, e na produção de energia a partir de hidrogénio, também em Sines.O caso levou à queda do Governo de maioria absoluta do agora presidente do Conselho Europeu.