Manifestantes bloqueiam estradas no início de greve geral em Israel
Médio Oriente
2 de set. de 2024, 11:51
— Lusa/AO Online
“As famílias dos reféns
apelam à população que tome uma atitude e que se junte na sua luta para
acabar com o abandono e trazer os seus entes queridos de volta para
casa”, lê-se no apelo emitido no domingo pelo Fórum das Famílias de
Reféns e Sequestrados, pedindo às pessoas que se reunissem numa série de
estradas no país a partir das 07h00, no horário local (05h00 em
Lisboa, menos uma nos Açores).Nas imagens divulgadas pelos
organizadores, mais de uma centena de pessoas estavam num cruzamento da
estrada de Ra’anana, no centro de Israel, a cerca de 15 quilómetros de
Telavive, a hastear bandeiras enquanto grande parte do trânsito
permanecia interrompido.“Há sangue nas mãos do Governo”, gritavam os manifestantes na estrada de Ra’anana.No
norte de Telavive, uma centena de pessoas também se dirigiu ao
cruzamento de Namir Rokah para bloquear o trânsito, enquanto na cidade
central de Modiin, os manifestantes leram os nomes da lista de reféns na
escadaria da Câmara Municipal.De acordo
com os meios de comunicação locais, os bloqueios causaram atrasos no
trânsito durante vários minutos ao longo da manhã de hoje.Os
protestos enquadram-se no primeiro dia da greve geral convocado hoje
pelo Histadrut, o maior grupo sindical de Israel, afetando os
transportes, as instituições de ensino, os bancos, câmaras municipais,
entre outros organismos.Alguns
manifestantes dirigiram-se essa manhã aos arredores da casa de Arnon
Bar-David, presidente da federação sindical, em Kiryat Ono – também no
centro do país – para lhe agradecer o facto de ter convocado a greve.Um
porta-voz da Histadrut disse à cadeia de televisão israelita 12, a mais
popular do país, que a federação sindical está a considerar prolongar a
greve até terça-feira.O aeroporto
internacional Ben Gurion, em Telavive, suspendeu as partidas de voos
durante duas horas, embora já tenham sido retomadas.Até
ao momento, algumas das empresas relacionadas com os transportes que
apoiaram a greve são a autoridade aeroportuária de Israel e os portos de
Haifa, Ashdod, Eliad e Hadera, assim como a Companhia de Energia de
Israel e os Correios.Além disso, a
Universidade Hebraica, a Universidade de Haifa, a Universidade Aberta ou
a Universidade Ben Gurion são alguns dos 17 centros universitários que
confirmaram a sua participação, assim como seis bancos do país.O
Procurador-Geral israelita pediu hoje ao Tribunal do Trabalho que se
pronuncie contra a greve da Histadrut, garantindo que “não é uma greve
devido a uma disputa coletiva de trabalho e é, portanto, uma greve
política”.A decisão surge depois de o
Ministro das Finanças de extrema-direita, Bezalel Smotrich, ter
contactado no domingo o Procurador-Geral da República para solicitar
medidas cautelares relativamente à greve.“Esta é uma greve política que não está sob a autoridade da Histadrut”, escreveu Smotrich na rede social X. No
total, de acordo com estimativas do jornal Haaretz, cerca de 300 mil
pessoas manifestaram-se no domingo em Telavive, num das maiores
protestos de sempre para exigir ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin
Netanyahu, um cessar-fogo na Faixa de Gaza e o retorno dos reféns
israelitas.Vinte e cinco manifestantes que participaram no protesto estão sob custódia da polícia, informou o Haaretz.