Manifestações contra reforma de sistema de pensões em França junta 250 mil
17 de dez. de 2019, 17:18
— Lusa/AO Online
A contabilização dos manifestantes, avançada
pela polícia e por câmaras municipais, fica, no entanto, muito aquém das
duas anteriores manifestações contra a reforma do sistema de pensões,
já que no primeiro dia – 5 de dezembro – se juntaram 800 mil pessoas e
no segundo – a 11 de dezembro – foram contabilizados 340 mil
manifestantes.Ainda assim, a greve geral
convocada para hoje por todos os sindicatos conseguiu fechar escolas,
pôr hospitais a funcionar a meio gás e manter os transportes públicos
paralisados.A contestação à proposta de
reforma do sistema de pensões tem aumentado nas últimas duas semanas,
com a pressão sobre o Governo e o Presidente a crescer.Na
segunda-feira, o alto-comissário francês que idealizou a reforma do
sistema, Jean-Paul Delevoye, demitiu-se na sequência de acusações de
conflito de interesses por ter omitido outras funções que acumulava. De
acordo com a imprensa francesa, Delevoye “esqueceu-se” de incluir na
sua declaração de interesses apresentada à Alta Autoridade para a
Transparência da Vida Política que é administrador do principal
Instituto de Formação na área das seguradoras, setor que elogiou a
reforma das pensões por si arquitetada.A
reforma do sistema de pensões tornou-se um projeto-emblema do Presidente
francês, Emmanuel Macron, apesar de criticada pelos sindicatos de todos
os setores.A reforma, inicialmente
apresentada em julho deste ano, tem como principal intuito criar um
sistema universal de pensões, já que existem atualmente 42 sistemas
diferentes, vários dos quais representam regimes especiais que permitem,
por exemplo, deixar de trabalhar mais cedo.A
manifestação está a ser “um grande sucesso”, considerou Philippe
Martinez, líder do sindicato CGT, que exige – em conjunto com outros
quatro sindicatos - a retirada definitiva do projeto.O primeiro-ministro, Édouard Philippe, reafirmou, no entanto, a sua “total determinação” em realizar a reforma.“A
minha determinação e a do Governo é absoluta” relativamente à “criação
de um regime universal [de pensões] e a fazer prevalecer o equilíbrio do
sistema futuro e a restauração do equilíbrio do sistema atual”,
garantiu hoje aos deputados.Édouard
Philippe irá receber os sindicatos na quarta e na quinta-feira, sendo
que os dirigentes sindicais vão reunir-se hoje à noite para decidir o
que pretendem fazer a seguir para protestar contra o projeto.Em dia de greve geral, os trabalhadores dos transportes cumprem o 13.º dia de paralisação, que deverá durar até ao final do ano.