Mais de metade dos jovens beberam álcool de forma rápida e excessiva no último ano
19 de nov. de 2024, 18:04
— Lusa/AO Online
Os
dados do estudo realizado em 2023 e intitulado “Comportamentos Aditivos
aos 18 anos”, promovido pelo Instituto para os
Comportamentos Aditivos e as Dependências (ICAD), tem como base o
inquérito nacional aos jovens de 18 anos participantes no Dia da Defesa
Nacional, realizado anualmente desde 2015, com uma interrupção em 2020,
devido à pandemia de covid-19.Os
resultados do estudo revelam uma elevada prevalência do consumo de
bebidas alcoólicas, com prevalência ao longo da vida na ordem dos 81% e,
nos últimos 12 meses, na ordem do 78%.Também
o tabaco tem uma elevada prevalência, com 48% dos jovens a assumirem o
seu consumo ao longo da vida e 41% nos últimos 12 meses. Segundo
o inquérito, 29% consumiram substâncias ilícitas ao longo da vida (24%
no último ano), sobretudo canábis (23% nos últimos 12 meses). Uma
menor percentagem de jovens aponta também a ingestão de tranquilizantes
ou sedativos sem receita médica (5% de prevalência nos últimos 12 meses
e 7% de prevalência ao longo da vida).A
maioria dos jovens consumiu em menos de 20 ocasiões no período dos 30
dias anteriores ao inquérito, refere o estudo, indicando que “a
prevalência de consumo diário/quase diário varia entre 0,2% (casos das
novas substâncias psicoativas) e 13% (caso do tabaco)”.Relativamente
ao álcool, 51% dos jovens reconhecem ter bebido de forma ‘binge’ no
último ano, 62% embriagaram-se ligeiramente e 36% severamente. “Ainda
que intensos por ocasião, são padrões de consumo que tendem a ser pouco
frequentes, predominando a indicação de uma a cinco ocasiões num
período de 12 meses”, refere o ICAD. Uma
frequência mais elevada de consumo, em 40 ou mais ocasiões neste período
temporal, é declarada por 6% dos jovens quanto ao consumo ‘binge’, 6%
quanto à embriaguez ligeira e 2% quanto à embriaguez severa.O
estudo indica também que 19% dos jovens associam o consumo de mais do
que uma substância psicoativa (incluindo as lícitas) na mesma ocasião.Já 32% declaram ter experienciado problemas relacionados com o consumo bebidas alcoólicas e 16% com substâncias ilícitas.“Comparando
2023 com 2015, observa-se uma diminuição da prevalência de consumo nos
últimos 12 meses de tabaco (-11 pontos percentuais) e de bebidas
alcoólicas (-5 p.p.), a par da manutenção das prevalências de consumo de
tranquilizantes/sedativos sem receita médica e de substâncias
ilícitas”, salienta o estuco. No mesmo
período, diminuiu ligeiramente a prevalência de embriaguez ligeira nos
últimos 12 meses (-1 p.p.) enquanto aumentou a de consumo ‘binge’
(+4p.p.) e a de embriaguez severa (+6 p.p.). No
grupo de consumidores de bebidas alcoólicas todas as prevalências
destes consumos mais intensivos aumentaram, enquanto a prevalência de
policonsumo diminuiu (-2 p.p.).Entre 2016 e
2023 as declarações de problemas relacionados com bebidas alcoólicas
aumentaram 13 p.p., enquanto as de problemas relacionados com
substâncias ilícitas aumentaram 2 p.p.O
consumo de cada uma das substâncias ilegais é mais declarado por
rapazes, assim como as frequências de consumo mais intensas e
policonsumo.As raparigas são quem mais
declaram problemas recentes relacionados com o consumo de álcool e os
rapazes com o uso de substâncias ilícitas.Também
são as raparigas que mais declaram o consumo recente de tranquilizantes
ou sedativos sem receita médica e, desde 2022, estão a par com os
rapazes no consumo de bebidas alcoólicas.“Globalmente,
a evolução 2022-2023 contraria a tendência predominante de aumento dos
consumos, verificada entre 2015 e 2022, sendo de analisar em futuras
edições do inquérito se há uma mudança de ciclo”, refere o ICAD.