Mais de metade dos desempregados em risco de pobreza nos Açores
21 de fev. de 2024, 08:24
— Ana Carvalho Melo
Mais de metade da população desempregada nos Açores
estava em risco de pobreza em 2022, sendo que na Região o risco de
pobreza entre quem trabalha era o maior do país. As conclusões são
do Instituto Nacional de Estatística (INE), que se baseia nos dados do
Inquérito às Condições de Vida e Rendimento (ICOR) relativos a 2022. Segundo
o gabinete de estatística, em 2022, 26,1% dos açorianos estavam em
risco de pobreza, sendo que a taxa de risco de pobreza para a população
desempregada ascendia 62,3%, enquanto a da população empregada era de
16,4%. Comparando com a globalidade do país, considerando que o
limiar de pobreza correspondia, em 2022, a 7095 euros anuais, cerca de
591 euros por mês, a taxa de risco de pobreza para a população
desempregada era de 46,7% e para a população empregada de 10% (ver
imagem acima). Refira-se que 17% das pessoas que viviam em Portugal
estavam em risco de pobreza.Ainda que o risco de pobreza mais
elevado entre a população desempregada em comparação com a população
empregada seja comum às três regiões NUTS I portuguesas (Continente,
Região Autónoma dos Açores e Região Autónoma da Madeira), o INE realça
que se regista uma distância maior nas Regiões Autónomas do que no
Continente. Nesse sentido, destaca os Açores e a Madeira “pelo maior
risco de pobreza entre a população empregada, mas sobretudo entre a
população desempregada, na medida em que, em ambas as regiões, mais de
metade das pessoas nesta condição eram pobres”.Por outro lado, o INE
realça que quer no Continente, quer nas Regiões Autónomas, a pobreza
relativa da população reformada aproximou-se mais da respeitante à
população empregada do que da correspondente à população desempregada,
considerando que tal se justifica pelo contributo do sistema de proteção
social para o nivelamento dos rendimentos. Refira-se que nos Açores o
risco de pobreza das pessoas reformadas era de 18,1%, enquanto na
globalidade do país era de 15,4%.O INE refere ainda que o risco de
pobreza das pessoas em condição de inatividade, que não a reforma, foi
mais próximo do risco de pobreza das pessoas desempregadas. Nos Açores, o
risco de pobreza era de 46,9%, enquanto no país era de 31,2%.Risco de pobreza reduz com aumento da escolaridadeDe
acordo com os dados do INE, verifica-se que o risco de pobreza na
população com escolaridade inferior ao ensino básico é quatro vezes
superior ao da população com ensino superior.Nesse sentido, o INE
revela que em Portugal, enquanto 22,6% da população que, no máximo,
apenas tinha concluído o ensino básico era pobre, o risco de pobreza
descia para 13,5% da população que tinha terminado o ensino secundário
ou pós-secundário e para 5,8% da população que tinha concluído o ensino
superior. Já na análise por regiões NUTS I do país, verifica-se que a
relação inversa entre a escolaridade e a pobreza é mais evidente nas
Regiões Autónomas e, em particular, nos Açores. “Nesta região, mais
de um terço dos indivíduos com escolaridade correspondente, no máximo,
ao ensino básico encontrava-se, em 2022, em risco de pobreza. Era também
na Região Autónoma dos Açores que a diferença da incidência da pobreza
entre não ter ou ter um nível de escolaridade acima do ensino básico era
maior: 34,0% e 10,3%, respetivamente”, refere o INE.