Mais de metade do preço dos combustíveis resulta de taxas e de impostos
24 de mai. de 2018, 09:07
— Lusa/AO online
Segundo
dados da Comissão Europeia, na semana de 14 de maio, o litro do gasóleo
custava 1,35 euros em Portugal – o 10.º mais caro entre os 28 países da
União Europeia –, quando o valor, antes de impostos e taxas, era de
0,62 euros. Já
a gasolina 95 (a mais vendida) custava em média 1,56 euros por litro,
quando antes do IVA, do ISP, da contribuição sobre o setor rodoviário e
do adicional por taxa de carbono era de 0,61 euros por litro. Segundo
os dados da Comissão Europeia, o preço da gasolina 95 em Portugal é o
quinto mais alto na UE-28, sendo 26 cêntimos mais elevado do que o
praticado em Espanha. Só Holanda, Itália, Grécia e Dinamarca tinham a
gasolina mais cara na semana em análise. O
PSD vai levar hoje ao parlamento as políticas fiscais e de preços para
os combustíveis, criticando o Governo pela escolha de "agravar os
preços" com o aumento do ISP, que aconteceu em 2016 para compensar a
descida do petróleo, numa altura em que os preços subiram para máximos
de cinco anos. Segundo
a Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENMC), o ISP
representa 47 cêntimos (38,6%) no preço de referência do gasóleo e 66
cêntimos (45,9%) no da gasolina. Em
2016, o Governo aumentou o ISP em seis cêntimos por litro para corrigir
a perda de receita fiscal resultante da diminuição da cotação
internacional do petróleo, e comprometeu-se a fazer uma revisão
trimestral do valor do imposto em função da variação do preço base dos
produtos petrolíferos, o que levou a pequenas reduções do ISP ao longo
desse ano.No entanto, em 2017, o Governo deixou de rever o valor do imposto, apesar das variações do preço do petróleo.Segundo
os dados mais recentes da execução orçamental publicado pela
Direção-Geral do Orçamento, o Estado arrecadou 803,2 milhões de euros
com o ISP no primeiro trimestre deste ano, mais 2,4% do que os 784,1
milhões de euros no mesmo período de 2017.No conjunto do ano passado, o ISP rendeu 3.364,4 milhões de euros aos cofres do Estado, mais 3,2% do que em 2016.Em
declarações à agência Lusa, o deputado e vice-presidente da bancada do
PSD António Leitão Amaro explicou que o tema do agendamento potestativo
(direito de agendamento de um debate no plenário) de hoje se justifica
porque "os preços do gasóleo e da gasolina em Portugal estão a atingir
níveis históricos, extraordinariamente elevados"."Com
certeza que há um efeito do aumento do preço petróleo do mercado
mundial, mas há, houve e mantém-se uma opção, que é também uma promessa
violada do Governo, que aumentou, nesta legislatura significativamente o
ISP", criticou, considerando que foram "três sucessivos agravamentos"
do imposto que tem significado "uma fatura muito grande para os
consumidores".Na
opinião de Leitão Amaro, esta é "uma forma diferente de austeridade que
é imposta aos portugueses". O deputado do PSD sublinhou que "houve uma
escolha do Governo de agravar o preço dos combustíveis, na medida em que
agravou o ISP"."Esta
situação torna-se ainda mais gritante quando o preço global, com o
imposto incluído, atinge os valores tão elevados como atinge hoje,
colocando Portugal no grupo de países com preços finais dos mais
elevados", criticou.O
vice-presidente da bancada do PSD lembrou que "quando o governo em 2016
aumentou o ISP tinha feito uma vaga promessa de que esse aumento seria
neutral e de que haveria uma correção caso os preços subissem",
condenando que "essa promessa foi e tem sido quebrada".Já
na quarta-feira, no debate quinzenal, a coordenadora do BE, Catarina
Martins, considerou que o "Governo tem toda a margem para baixar o ISP,
mantendo a receita fiscal" e conseguindo assim a neutralidade fiscal que
foi prometida.A
coordenadora do BE recordou que, "quando em 2016 houve alteração no ISP
foi quando o preço do barril estava muito baixo e o ISP era a forma de
garantir uma receita fiscal mínima", tendo então sido anunciado que
"seria revisto conforme o preço do barril do petróleo"."Está
na altura de o Governo fazer o que tinha dito que ia fazer: rever o ISP
e conseguir a neutralidade fiscal que foi prometida", pediu ao
primeiro-ministro, António Costa.Na
resposta, o chefe do executivo começou por afirmar que "ao longo destes
dois anos e meio, a carga fiscal sobre o gasóleo e a gasolina tem vindo
a baixar, não tem vindo a aumentar"."A
variação do preço não tem a ver com alterações fiscais, tem a ver com a
cotação internacional dos produtos petrolíferos, que essa sim subiu",
justificou.