Mais de 63 mil migrantes chegaram a Espanha de forma irregular em 2024
Migrações
3 de jan. de 2025, 11:46
— Lusa/AO Online
Em 2018, o país atingiu um máximo histórico de entradas irregulares: 64 298.Relativamente
ao ano de 2023, as entradas irregulares cresceram 12,5% no ano passado,
com um aumento de 56 852 para 63 970 pessoas a entrar de forma
irregular no território espanhol.No ano
passado, a maior parte das entradas foi feita por via marítima e dessas a
grande maioria, 73% do total, foi feita pela rota das Ilhas Canárias,
através da qual cerca de 46 843 pessoas tentaram alcançar território
espanhol, mais 17% do que no ano anterior.Esta rota migratória é considerada uma das mais perigosas do mundo.A 26 de dezembro, o grupo Caminando Fronteras, que monitoriza os
desaparecimentos de migrantes no mar em direção a Espanha, revelou que
10 457 pessoas perderam a vida em 2024 a tentar chegar à costa
espanhola, uma média de quase 30 por dia, a grande maioria na rota
atlântica para as Ilhas Canárias.Ao longo
do ano foi registado um ritmo elevado de chegadas, com 8 067 em janeiro e
5 968 em fevereiro, mantendo-se depois entre 2 121 e 3 731 até julho,
após o qual começaram a aumentar para mais de 6 000 em agosto e
setembro. Depois de um outubro com níveis
mais baixos (4.934), em novembro as entradas voltaram a subir, sendo o
mês com mais acessos irregulares, com 9 811, voltando a diminuir no mês
seguinte, com dezembro a registar 6 994.O número de embarcações também aumentou, com 692 comparativamente às 610 de 2023, correspondendo a um aumento de 13%.Por
outro lado, as chegadas por mar a Ceuta e Melilla, dois enclaves
espanhóis no norte de África que são as únicas fronteiras terrestres da
União Europeia (UE) com o continente africano, diminuíram em relação a
2023, de 67 para 28 e de 206 para 21, respetivamente.Também
em 2024, cerca de 14 432 pessoas chegaram a Espanha continental e às
Ilhas Baleares por via marítima, representando uma redução de 6,5% em
relação ao ano anterior. As entradas
terrestres por Ceuta, nas quais o Ministério do Interior inclui os
acessos a nado, aumentaram em relação a 2023, com 2 531 pessoas a chegar
por esta via em 2024, em comparação com às 1 086 no ano anterior, um
aumento de 137%. Em Melilla, o acesso por este meio diminuiu 30%, passando de 166 em 2023 para 116 em 2024. Os
dados recolhidos no último relatório do Ministério do Interior espanhol
refletem os números de um fenómeno que representa uma parte mínima da
imigração do país. O primeiro-ministro
espanhol, Pedro Sánchez, afirmou no parlamento que 94% dos imigrantes
que chegaram a Espanha nos últimos 10 anos fizeram-no de forma regular. No
entanto, esta parte da realidade migratória do país dominou grande
parte do debate público e político em 2024, devido, em parte, à ausência
de soluções para os mais de 5.800 menores não acompanhados que
permanecem nas Ilhas Canárias.Espanha, a
par de Itália, Grécia ou Malta, é conhecida como um dos países da “linha
da frente” ao nível das chegadas de migrantes irregulares à Europa.