Mais de 500 mil docentes e alunos usam Escola Virtual que assinala 18 anos
25 de jan. de 2023, 09:38
— Lusa/AO Online
“O
problema nunca esteve só na ausência de equipamentos digitais, está
acima de tudo na forma como grande parte dos professores entende
pedagogicamente a utilização do digital”, defendeu Marco Bento,
investigador em tecnologia educativa. Lançada
em 2005, a Escola Virtual é uma plataforma que reúne milhares de
conteúdos pedagógicos, possibilitando, no caso dos alunos, a avaliação
do conhecimento, a par de uma experiência de estudo orientada para a
aprendizagem individual e autónoma. No
domínio do apoio à docência, oferece de igual forma um conjunto de
recursos pedagógicos, como animações, jogos didáticos ou visitas
virtuais imersivas, que permitem ao docente dar aulas, atribuir tarefas e
controlar resultados, entre outros. Há
ainda a dimensão institucional direcionada para escolas, câmaras,
instituições ou secretarias regionais como a Madeira e os Açores. Na
Madeira, os alunos entre o 5.º e o 8.º ano e parte do 10.º já utilizam
apenas manuais digitais e nos Açores o mesmo acontece com os alunos do
5.º e do 8.º ano. “No Continente, a
transição digital está a ser feita com base num projeto-piloto que
abrange 68 escolas [em todo o país] e cerca de 12 mil alunos e na
realidade, esses também usufruem dos manuais digitais dentro da Escola
Virtual e de todos os recursos, sejam os professores, ou alunos”,
explicou à Lusa Rui Pacheco, diretor do Centro Multimédia da Porto
Editora. Numa análise ao uso do digital no
ensino em Portugal, o investigador em tecnologia educativa, Marco
Bento, ouvido pela Lusa, referiu que os docentes “entendem
maioritariamente [o digital] como uma réplica de modelos analógicos”, à
semelhança do que sucedeu durante os confinamentos decretados para
travar a pandemia de covid-19. Para o
coordenador do Projeto Supertabi Maia, cujo principal objetivo é
transformar as práticas pedagógicas de ensino e aprendizagem da leitura
através da utilização de dispositivos móveis, “a tónica está muito
colocada nas máquinas” como demonstra aliás o Plano de Ação para a
Transição Digital em curso desde 2021 e que não chegou de forma
equitativa a todo o país, assinala. Para o
professor na Escola Superior de Educação de Coimbra o digital tem de
servir para “aprender mais e melhor”, e não numa lógica de mera
motivação. No segundo ano do mestrado em
Educação Pré-escolar e 1.º Ciclo do Ensino Básico, e a realizar estágio
na Escola Básica e Jardim de Infância da Pena, na Madalena, Vila Nova de
Gaia, Catarina Pinto, entende que “a tecnologia na educação surge para
renovar os métodos de ensino tradicional, que neste momento, estão
ultrapassados”, afirmou em declarações à Lusa, a docente de 23 anos. “Tem
de haver uma viragem de mentalidades, de formação. Eu acredito que há
muitos colegas que querem, mas não sabem como o fazer. Eu que já fui
aluna e que agora sou professora consigo perceber que se utilizassem
isto no meu tempo, teria percebido melhor alguns conteúdos”, salientou
Catarina que, hoje, enquanto professora utiliza jogos e vídeos
disponibilizados pela plataforma para consolidar conhecimentos ou
introduzir novos conteúdos. Concebida pela
Porto Editora, em 2005, a plataforma tem atualmente um universo de
cerca de 500 mil utilizadores, de “praticamente todas as escolas
públicas e privadas do continente e regiões autónomas, entre os quais
mais de 100 mil professores, que durante o ano letivo de 2021/2022,
utilizaram os seus recursos mais de 3,5 milhões de horas.