Mais de 40 mil deslocados na capital do Haiti em dez dias

26 de nov. de 2024, 18:14 — Lusa/AO Online

Entre 11 e 20 de novembro, 40.965 pessoas foram deslocadas na metrópole de Porto Príncipe devido a esta violência que envolve gangues armados e algumas foram forçadas a fugir pela segunda ou mesmo terceira vez, detalhou a agência da ONU para as migrações.“A escala destes deslocamentos não tem precedentes desde o início da nossa resposta à crise humanitária no Haiti em 2022”, frisou Grégoire Goodstein, chefe da OIM para o Haiti, citado num comunicado.No total, mais de 700 mil pessoas estão deslocadas neste país das Caraíbas afetado pela violência.“Esta crise não é apenas um desafio humanitário. É um teste à nossa responsabilidade coletiva”, insistiu Grégoire Goodstein, sublinhando a dificuldade das equipas da ONU em cumprir a sua missão devido às condições de insegurança.Também hoje a Unicef denunciou que o número de crianças recrutadas por grupos armados no Haiti aumentou 70% no espaço de um ano e estas constituem quase metade dos elementos dos gangues no país caribenho.“Este pico sem precedentes, registado entre os segundos trimestres de 2023 e 2024, mostra um agravamento da crise de proteção da criança”, declarou no domingo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em comunicado.O Haiti sofreu durante décadas de instabilidade política crónica e de uma crise de segurança ligada à presença de gangues armados acusados de assassinatos, raptos e violência sexual em grande escala.Há duas semanas que Porto Príncipe e as comunidades vizinhas enfrentam um novo surto de violência alimentado pela “Viv Ansanm” (Viver Juntos), uma aliança de gangues formada em fevereiro e que conseguiu derrubar o então primeiro-ministro, Ariel Henry.Estes grupos, que controlam cerca de 80% da capital, Porto Príncipe, atacam regularmente civis, apesar do envio, este ano, de uma missão multinacional de apoio à segurança, liderada pelo Quénia e apoiada pela ONU.Após semanas de luta pelo controlo do Governo, o sucessor, Garry Conille, acabou por ser demitido pelo Conselho Presidencial de Transição, que nomeou para o lugar Alix Didier Fils-Aimé.