Mais de 270 migrantes enviados para centros de detenção na Líbia
Migrações
17 de jun. de 2021, 10:37
— Lusa/AO Online
Os migrantes foram resgatados em águas
internacionais na segunda-feira pelo navio “Vos Triton”, com pavilhão
de Gibraltar, disse a Organização Internacional para as Migrações (OIM) e
o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR) num
comunicado conjunto divulgado na noite de quarta-feira.No
dia seguinte, os migrantes foram levados pela guarda costeira da Líbia
ao porto de Trípoli, onde foram detidos pelas autoridades líbias,
acrescentou o comunicado.“As duas
organizações reiteram que ninguém deve ser devolvido à Líbia depois de
ser resgatado no mar. De acordo com o direito marítimo internacional, os
indivíduos resgatados devem ser desembarcados num local seguro”,
disseram as agências, acrescentando que a Líbia não pode ser considerada
“um lugar seguro”.Por quase uma década, a
Líbia - devastada pela guerra desde 2011 - tem sido o ponto de trânsito
dominante para migrantes que fogem da guerra e da pobreza em África e
no Médio Oriente e que aspiram viver na Europa. Os
traficantes costumam amontoar famílias desesperadas em embarcações de
borracha mal equipadas que param ou naufragam ao longo da perigosa rota
central no Mar Mediterrâneo.Nos últimos
anos, a União Europeia (UE) fez parceria com a guarda costeira da Líbia e
outros grupos locais para impedir essas travessias marítimas perigosas.
Os grupos de direitos humanos, no
entanto, dizem que essas políticas deixam os migrantes à mercê do mar ou
de grupos armados da Líbia e muitos acabam confinados em centros de
detenção repletos de abusos.Neste ano,
mais de 13.000 migrantes foram devolvidos aos centros de detenção da
Líbia e centenas morreram no mar, disseram as duas agências.“A
OIM e o ACNUR pedem o fim da detenção arbitrária na Líbia por meio do
estabelecimento de um processo de revisão judicial e defendem
alternativas à detenção, começando com a libertação imediata dos mais
vulneráveis”, referiu o comunicado.As
agências da ONU instaram aos governos a conceder aos navios mercantes
que resgatam pessoas em perigo “permissão rápida” para desembarque em
portos seguros.