Mais de 24.000 hectares arderam nos primeiros sete meses do ano
Incêndios
4 de ago. de 2020, 10:15
— Lusa/AO Online
Segundo o 3.º relatório provisório de
incêndios rurais do ICNF, que abrange o período entre 01 de janeiro e 31
de julho, a base de dados nacional registou um total de 5.294 incêndios
rurais, que destruíram um total de 24.680 hectares (ha), entre
povoamentos (12.031 ha), matos (8.247 ha) e áreas agrícolas (4.420 ha).Comparando
os valores dos primeiros sete meses deste ano com o histórico dos 10
anos anteriores, o relatório indica que houve menos 43% de incêndios
rurais e menos 34% de área ardida relativamente à média anual do mesmo
período. O ano de 2020 apresenta, até ao
dia 31 de julho, “o valor mais reduzido em número de incêndios e o 6.º
valor mais baixo de área ardida, desde 2010”, refere o documento.O
relatório do ICNF indica que este ano os incêndios com área ardida
inferior a um hectare são os mais frequentes (87 % do total de incêndios
rurais). No que se refere a fogos de
maior dimensão, os dados registam a ocorrência de cinco incêndios rurais
com área ardida superior ou igual a 1.000 hectares: Oleiros (Castelo
Branco), Chaves (Vila Real), Castro Verde (Beja), Aljezur (Faro) e
Covilhã (Castelo Branco).O incêndio de
maior dimensão registado este ano foi o que deflagrou em Oleiros no dia
25 de julho, que destruiu 5.570 ha, seguido do que deflagrou em Vila
Real no dia 30 de julho, que o ICNF diz ter destruído 2.560 hectares. Como
termo de comparação, o relatório indica que, na última década, em igual
período, o ano de 2017 foi o que registou mais incêndios com área
ardida igual ou superior a 1.000 ha (17).Nos
primeiros sete meses do ano o relatório dá conta de 23 grandes
incêndios rurais (área ardida igual ou superior a 100 ha), que
destruíram 19.831 hectares, o que equivale a 80% do total da área
ardida.Segundo o relatório do ICNF, na
comparando com os últimos 10 anos, 2012 foi o ano com maior número de
grandes incêndios (82) entre janeiro e 31 de julho, seguido de 2017
(58).Do total de 5.294 incêndios rurais
verificados nos primeiros sete meses do ano, foram investigados 2.740
(52%), responsáveis por 44% da área total ardida e, destes, a
investigação conseguiu atribuir uma causa a 1.840.Até
à data, segundo o ICNF, as causas mais frequentes são: fogo posto
(27%), queimadas de sobrantes florestais ou agrícolas (19%), queimas de
amontoados de sobrantes florestais ou agrícolas (9%) e queimadas para
gestão de pasto para gado (8%). No total, as várias tipologias de queimadas e queimas representam 36% das causas apuradas.Já os reacendimentos representam 11% do total de causas apuradas, num valor inferior face à média dos 10 anos anteriores (15%).O
distrito mais afetado no que diz respeito à área ardida é o de Castelo
Branco, com 7.248 ha, cerca de 29% da área total ardida até à data,
seguido de Vila Real, com 3.255 ha (13% do total) e de Faro com 2.906 ha
(12% do total).Quanto ao número de
incêndios, o distrito que mais fogos registou foi o do Porto (1.474),
seguido de Braga (462) e Aveiro (384). Em qualquer um dos casos, os
incêndios são maioritariamente de reduzida dimensão (não ultrapassam um
hectare de área ardida). “No caso
específico do distrito do Porto, a percentagem de incêndios com menos de
um hectare de área ardida é de 91%”, refere o relatório.O
documento acrescenta ainda que os concelhos que apresentam maior número
de incêndios se localizam “todos a norte do Tejo” e que se caracterizam
por “elevada densidade populacional, presença de grandes aglomerados
urbanos ou utilização tradicional do fogo na gestão agroflorestal”.Os 20 concelhos com maior número de incêndios representam 35% do total de ocorrências e 12% da área total ardida.Quando analisa os 20 concelhos com maior extensão área ardida, o relatório diz que representam 80% da área total ardida no país.O
mês de julho é aquele que apresenta este ano maior número de incêndios
rurais (3.279 - 62% do total) e maior área ardida (20.063 ha - 81% do
total).Quanto à severidade meteorológica -
que tem em conta as temperaturas, vento forte, ausência de precipitação
e humidade relativa baixa – o relatório indica que, este ano, os
incêndios com classe de severidade mais baixa (0-5) foram os mais
frequentes (29 % do total). No que se refere aos fogos com maior nível de severidade meteorológica, o documento regista a ocorrência de 141 incêndios.