Mais de 100 jogadoras querem que FIFA renuncie contrato com petrolífera saudita
23 de out. de 2024, 17:45
— Lusa/AO Online
"O patrocínio da
Aramco é como um dedo do meio para o futebol feminino", consideraram as
signatárias de uma carta aberta enviada ao presidente da FIFA, Gianni
Infantino, que foi divulgada.A FIFA
assinou este ano um acordo com a Aramco que torna esta empresa detida em
98,5% pelo Estado saudita num importante parceiro financeiro até ao
final de 2027, período que abrange dois Campeonatos do Mundo de Futebol
(em 2026 para os homens e em 2027 para as mulheres)."A
FIFA poderia muito bem molhar o campo com óleo e atear fogo", acusaram,
acrescentando que "as autoridades sauditas estão a gastar milhares de
milhões em patrocínios desportivos para tentar desviar a atenção da
reputação brutal do regime em matéria de direitos humanos, mas a forma
como trata as mulheres fala por si".Nos
últimos anos, a Arábia Saudita tem investido muito dinheiro no desporto,
contando em particular com o seu fundo soberano para promover desportos
como o futebol - de que é exemplo o internacional português Cristiano
Ronaldo, que joga no Al Nassr -, ténis, Fórmula 1 e golfe, mas o reino
tem sido acusado internacionalmente por diversos setores de 'lavar' o
seu historial de direitos humanos através do desporto."O
nosso trabalho como jogadoras profissionais é um sonho tornado
realidade para nós e ainda faz com que as meninas que serão as jogadoras
do futuro sonhem. Merecemos muito mais, do nosso corpo diretivo, do que
esta aliança com este parceiro de pesadelo", realçaram as signatárias.Além
disso, é proposta à FIFA a criação de uma "comissão de avaliação", na
qual as jogadoras estariam representadas e que "examinaria as
implicações éticas dos futuros contratos de patrocínio".Por
fim, as signatárias pedem à FIFA que "reconsidere esta parceria e
substitua a empresa saudita Aramco por outro patrocinador cujos valores
respeitem a igualdade de género e os direitos humanos, e contribuam para
um futuro sustentável do planeta".