Autor: AO Online/ Lusa
Exibindo uma máscara azul com a bandeira dos Açores, a jovem micaelense Laura Ferreira, que estuda na Escola Superior de Música de Lisboa, explicou à Lusa o significado que este voto tem para si.
“Vim votar porque é um direito e dever nosso. Foram tantas as gerações que lutaram para termos este direito, por isso, tenho obrigação de o fazer e tenho muito gosto em o fazer”, sublinhou, acrescentando ter ficado “muito feliz” pela possibilidade que este ano teve em votar para as eleições regionais em mobilidade, já que é a primeira vez que acontece.
Ao seu lado tinha a amiga Cláudia, que se encontra também a viver em Lisboa, onde está a terminar o mestrado em psicologia clínica. Esta jovem é a primeira vez que vota, para o círculo de São Miguel, fá-lo fora da sua ilha e nem a pandemia a fez ficar em casa.
“Mais do que um direito é um dever nosso”, explicou.
“Esta agora é a nossa realidade atual, depois de muito tempo em confinamento absoluto, acho que basta andar protegido, temos máscaras e o álcool. Isto estava extremamente bem organizado e, se tivermos todos cuidado, o risco é menor”, sublinhou.
Hugo Leonardo, de 26 anos, vive há oito em Lisboa, tendo votado hoje pela primeira vez em mobilidade.
“Acho que correu bem, era importante para mim. [votar para as eleições regionais] era coisa que já devia acontecer há mais tempo”, avançou à Lusa.
Gonçalo Rafael e Beatriz Afonso, ambos com 20 anos, contaram que votaram pela terceira vez em mobilidade, avançando que o processo “é muito fácil, tudo online, onde se escolhe até o local onde se quer votar”.
“Depois, é só chegar o dia e vir antecipadamente. É muito importante para nós”, replicaram ambos, frisando ser “um dever” enquanto cidadãos.
Também Miguel, igualmente com 20 anos, reconheceu a importância do ato em si, avançando que, apesar de viver há três anos em Lisboa, só desta vez teve a possibilidade de votar antecipadamente, avançando que, apesar de se ter deslocado sozinho até ao alto do Parque Eduardo VII encontrou cinco amigos também naturais de São Miguel.
O Pavilhão Carlos Lopes estava dividido em quatro secções, a primeira e segunda dedicada aos eleitores de São Miguel, a terceira secção aos da Terceira e a quarta aos das ilhas do Corvo, Faial, Flores, Graciosa, Pico, São Jorge e Santa Maria.
À entrada, encontram-se pessoas do ‘staff’ da Câmara Municipal de Lisboa, a dar as indicações: “desinfete primeiro as mãos no álcool gel e depois, se não tiver trazido caneta, pode levantar uma e levar consigo, não precisa devolver”.
Apesar do amanhecer feio em Lisboa, com o nevoeiro a marcar presença nas primeiras horas, às oito da manhã, aquando da abertura das secções de voto, no local havia um eleitor da ilha Terceira pronto para exercer o seu direito cívico. As secções de voto fecham pelas 19:00.
À Lusa, uma pessoa do ‘staff’ camarário, que pediu para não ser identificada, explicou que tudo tem estado a correr “dentro da normalidade desde o início do dia” e, apesar de “não haver filas concorridas, a presença das pessoas é visível, havendo sempre alguém a chegar pronto para votar”.
“A maioria são mesmo jovens. Acho que só vi dois casais com pessoas assim na casa dos 60 anos e que deviam ser professores pois cumprimentavam os jovens que encontravam cá fora, conheciam muitos”, adiantou à Lusa.
Um total de 3.541 eleitores inscreveu-se para votar hoje de forma antecipada, em mobilidade, nas legislativas regionais dos Açores, dos quais 911 em Lisboa.
Com a alteração à Lei Eleitoral da Assembleia Legislativa dos Açores, promulgada pelo Presidente da República em 21 de agosto, os eleitores passam a poder exercer o seu direito de voto de forma antecipada, por mobilidade, também nas eleições regionais, algo que até agora era permitido apenas nas eleições presidenciais, legislativas nacionais e europeias.
Essa intenção foi manifestada pelos eleitores entre os dias 11 e 15 deste mês, estando o voto antecipado marcado para hoje.
As legislativas regionais estão agendadas para o dia 25 e estão inscritos, no total, 228.999 eleitores.
São 13 as forças políticas que se candidatam aos 57 lugares da Assembleia Legislativa Regional: PS, PSD, CDS-PP, BE, CDU, PPM, Iniciativa Liberal, Livre, PAN, Chega, Aliança, MPT e PCTP/MRPP.
Nas anteriores legislativas açorianas, em 2016, o PS venceu com 46,4% dos votos, o que se traduziu em 30 mandatos no parlamento regional, contra 30,89% do segundo partido mais votado, o PSD, com 19 mandatos, e 7,1% do CDS-PP (quatro mandatos).
O BE, com 3,6%, obteve dois mandatos, a coligação PCP/PEV, com 2,6%, um, e o PPM, com 0,93% dos votos expressos, também um.