Autor: Lusa/AO Online
Um deles foi o proprietário do Restaurante Snack Bar Universo.
À hora a que falava à Lusa, depois do almoço, Renato Pacheco tinha vendido “uma encomenda e três ou quatro ‘cafézinhos’”.
“Estando
de porta fechada, estou com as mãos dentro da algibeira. Tenho que
arregaçar [as mangas], tenho de trabalhar…".
Mas, o que mantém o restaurante aberto é o facto de Renato Pacheco ser “uma pessoa positiva, sempre com otimismo”, porque precisa “de faturação para pagar os ordenados, renda, luz”, o que não está a conseguir.
Garantindo trabalhar em respeito pelas normas da Direção-Geral da Saúde, o empresário concorda “que haja restrições”, mas diz estar “a ficar mesmo furioso”, porque, “infelizmente, em Vila Franca do Campo há sítios que não respeitam as normas”.
“PSP e GNR, não vejo. O nosso presidente [da Câmara] só está aqui para dar entrevistas, mas não dá a cara. Ou fecha tudo, ou não fecha nada”, assevera.
Para Renato Pacheco, a solução passaria por haver “mais fiscalização em bares”.
Com uma população total de pouco mais de 11 mil habitantes, segundo os dados mais recentes do Pordata, Vila Franca do Campo é, neste momento, o concelho açoriano com mais casos ativos de Covid-19: 146.
Este município e o do Nordeste são os únicos nos Açores que estão atualmente no nível de Alto Risco de contágio.
Na segunda-feira, o Governo Regional decidiu pelo encerramento, a partir de hoje, de todos os estabelecimentos de restauração e bebidas naqueles dois concelhos, permitido, no entanto, entregas ao domicílio ou em ‘take-away’ até às 22 horas.
Passando pelas ruas do centro de Vila Franca do Campo, é fácil perceber que foram vários os restaurantes e cafés que optaram por encerrar por completo os seus serviços, já que a maioria tem as grades fechadas.
No habitualmente movimentado Largo Bento de Góis, hoje quem se vê está só de passagem.
Um homem que passa confirma o cenário: “está tudo fechado”.
Renato Pacheco falava à Lusa por telefone. Foram vários os estabelecimentos que a Lusa tentou contactar, mas apenas dois atenderam.
Além de Renato Pacheco, também a sócia da Pizzaria Patricio Panzzaroti atendeu e explicou que manter a cozinha a funcionar foi uma decisão natural.
O decreto do executivo regional “não [afeta], porque a gente faz ‘take-away’”, garante Fátima Inácio.
“O que nos vale são as pizzas”, acrescentou.
A responsável admite que teve “quebras”, mas o negócio vai-se “mantendo, devagarinho, desde que dê para pagar as continhas e os ordenados”. Questionada sobre se tem faturado o suficiente, responde: “graças a Deus”.
Fátima Inácio confirma que muitos dos restaurantes daquele concelho “preferiram fechar”.
“Da nossa parte, como é pizzas, a gente faz a pizza, mete dentro do caixote, faz-se ‘take-away’ e, pronto, vamos fazendo o negócio do dia-a-dia”, prossegue.
Ainda assim, “hoje foi um bocado fraco”, “mas os primeiros dias vão ser assim, no fim de semana é que vai aumentar”.