Maioria dos docentes quer novo estatuto da carreira em vigor no próximo ano letivo
26 de dez. de 2024, 16:05
— Lusa/AO Online
As conclusões resultam de um
inquérito realizado pelo Sindicato Independente de Professores e
Educadores (SIPE), que auscultou 7.191 docentes a propósito do processo
de revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD).De
acordo com os resultados, 66% dos inquiridos querem que o processo
esteja concluído em julho de 2025, para que possa entrar em vigor em
setembro, no início do ano letivo.No
entanto, as novas regras só deverão começar a ser aplicadas em 2027, já
que as expectativas do Ministério da Educação, Ciência e Inovação
apontam para um processo negocial demorado, ao longo de, pelo menos, um
ano.Por outro lado, a esmagadora maioria
(87,5%) entende que a revisão do sistema de avaliação de desempenho
docente deve ser prioritária neste processo, que começou com uma
primeira reunião no final de outubro e continua na sexta-feira.Cerca
de nove em cada dez professores defendem o fim das quotas de acesso às
menções de “Muito Bom” e “Excelente” e 37,7% pede mudanças também na
exigência de aulas observadas.Quase todos
os docentes ouvidos pelo SIPE (95,7%) concordam com a “existência de uma
avaliação de desempenho docente uniforme em todos os agrupamentos, com
critérios objetivos e sem quotas”.No
âmbito da revisão do ECD, 83,8% pedem o fim das vagas de acesso aos 5.º e
7.º escalões, uma reivindicação antiga dos sindicatos que representam
os professores e educadores e um obstáculo que o próprio ministro,
Fernando Alexandre, já disse não fazer sentido e considerou só existir
“por motivos de controlo orçamental”.Os
resultados do inquérito do SIPE revelam ainda que a esmagadora maioria
entende que os professores devem usufruir de um regime especial de
aposentação de acordo com as especificidades e desgaste da sua carreira
(97,6%) e concordam com a redução das tarefas burocráticas dos
professores (99,3%).O Ministério da
Educação, Ciência e Inovação volta a receber os 12 sindicatos de
professores na sexta-feira para prosseguir o processo negocial.Entre
as mudanças já anunciadas está a promessa de aumentar os salários nos
primeiros escalões da carreira docente, com Fernando Alexandre a
reconhecer que o valor atual "não é atrativo".O
processo de recrutamento, o ingresso de carreira e a mobilidade por
doença serão os primeiros assuntos a ser debatidos, seguindo-se depois a
revisão da estrutura da carreira, avançou o ministro no final da
primeira reunião, realizada a 21 de outubro.A
avaliação de desempenho associada à progressão na carreira também será
alvo de revisão e negociação, uma vez que tal como está "não é credível"
nem "é muito levada a sério pelos professores", disse Fernando
Alexandre.