Maioria dos abusos sexuais na igreja cometidos por homens e padres
13 de fev. de 2023, 11:40
— Lusa/AO Online
O relatório final
da comissão está a ser apresentado na Fundação Calouste
Gulbenkian, em Lisboa, e segundo a psicóloga Ana Nunes de Almeida,
membro da comissão, 97% dos abusadores eram homens e em 77% dos casos
padres, além de que em 47% dos casos o abusador fazia parte das relações
próximas da criança.Em 52% dos casos a
vítima só revelou o abuso de que foi alvo em média 10 anos depois de
ocorrido e em 43% dos casos essa denúncia aconteceu apenas quando
contactaram a comissão.Em 77% dos casos a vítima nunca apresentou queixa à igreja e só em 4% dos casos houve lugar a queixa judicial.No
que diz respeito aos locais, 23% dos abusos aconteceram em seminários,
18,8% na igreja (há um relato de um abuso cometido no altar), 14,3% no
confessionário, 12,9% na casa paroquial e 6,9% numa escola católica.Em 57,2% dos casos os abusos ocorreram mais do que uma vez.A
Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na
Igreja Católica, que começou a receber testemunhos em 11 de janeiro do
ano passado, recebeu 512 testemunhos validados relativos a 4.815 vítimas
desde que iniciou funções em janeiro de 2022.Na
apresentação do relatório final, o pedopsiquiatra Pedro Strecht, que
lidera a comissão, afirmou que “será difícil que, a partir de agora,
tudo fique igual” em relação aos abusos sexuais cometidos contra
crianças no seio da igreja, em Portugal.Os
casos de abusos sexuais revelados ao longo de 2022 abalaram a Igreja e a
própria sociedade portuguesa, à imagem do que tinha ocorrido com
iniciativas similares em outros países, com alegados casos de
encobrimento pela hierarquia religiosa a motivarem pedidos de desculpa,
num ano em que a Igreja se vê agora envolvida também em controvérsia,
com a organização da Jornada Mundial da Juventude, em Lisboa.