Maioria das escolas com falta de profissionais e sem distanciamento
Covid-19
14 de set. de 2020, 15:00
— Lusa/AO Online
Segundo os resultados apresentados
hoje pelo secretário-geral da Fenprof, 91% dos 321 agrupamentos e
escolas não agrupadas inquiridos na semana passada revelaram ter falta
de assistentes operacionais (AO), um problema que, lembra Mário
Nogueira, é antigo.Em cerca de 20% das
escolas, os diretores revelaram ter uma carência superior a 10
trabalhadores e em 42,8% o número de AO em falta é de entre cinco a uma
dezena.“São problemas estruturais que as
escolas já tinham e a que este, como governos anteriores, não deram
resposta, mas que agora, na fase em que vivemos de pandemia e de
cuidados acrescidos, ganhou ainda maior importância”, referiu o
dirigente sindical.Segundo o dirigente
sindical, que falava aos jornalistas junta à entrada da Escola EB 2,3
Marquesa de Alorna, em Lisboa, no total, as escolas públicas precisam de
ser reforçadas com mais cerca de 5 mil AO e o reforço do Governo de 500
trabalhadores é insuficiente.O problema,
acrescenta, é ainda mais preocupante, tendo em conta as exigências
acrescidas de higiene impostas à escola para o próximo ano, devido à
pandemia da covid-19.“Lembremo-nos que,
quando o [ensino] secundário abriu, aquilo que foi dito foi que a
limpeza era de tal ordem exigente que os AO tiveram formação com membros
das forças armadas. Agora chegamos ao momento em que dizemos que podem
ser os professores a ter de fazer essa limpeza”, lamentou.Por
outro lado, a falta de profissionais nas escolas estende-se também aos
professores e 75% dos diretores inquiridos pela Fenprof revelaram que na
semana anterior ao início do ano letivo continuavam a faltar docentes.“Este
é um problema que pode ser ainda mais grave do que no ano passado”,
alertou, referindo que no próximo ano muitos professores não poderão dar
aulas por fazerem parte de grupos de risco para a covid-19.Os
resultados revelam ainda que em 61% dos agrupamentos o reforço de
recursos humanos direcionado aos alunos com necessidades educativas
especiais não se verificou, bem como o reforço anunciado de professores
para apoiar na recuperação de aprendizagens, que não chegou a 85% das
escolas.No levantamento que conduziu entre
09 e 11 de setembro, a Fenprof também inquiriu os diretores sobre as
condições de segurança nas escolas e, segundo os resultados, 84%
admitiram que não é possível respeitar o distanciamento físico de, pelo
menos, 1,5 metros.Em mais de metade das
escolas (52,5%) nem o distanciamento mínimo de um metro, aconselhado
pelo Ministério da Educação, é respeitado.“Porque
as turmas não se puderam dividir, esse distanciamento mínimo não é
respeito”, explicou Mário Nogueira, sublinhando que, nestes casos, “o
distanciamento entre os alunos na sala de aula é de centímetros”.Por
outro lado, 45% dos diretores queixaram-se de verbas insuficientes para
adquirir os produtos de limpeza e desinfeção e cerca de 30% admitem que
o valor destinado à aquisição de equipamentos de proteção individual
não chega para o 1.º período.“Esta é uma
fotografia deste início de ano letivo”, disse o secretário-geral,
considerando que, se as medidas não forem mais exigentes e se não forem
criadas as condições necessárias, as escolas vão voltar a encerrar.“Nós
achamos que nada substitui o ensino presencial, mas se as medidas não
forem exigentes, rigorosas, se não forem aquelas que se recomenda para a
comunidade, o que vamos ter é rapidamente escolas a fecharem”,
sublinhou Mário Nogueira.