Maior parte das vítimas de fraude bancária são consumidores “com pouca destreza digital”
1 de jul. de 2021, 10:11
— Lusa/AO Online
“A maior parte
das vítimas dos crimes de fraude bancária são os próprios consumidores e
clientes dos bancos com pouca destreza digital”, alerta Natália Nunes,
coordenadora do Gabinete de Proteção Financeira da DECO, que hoje irá
participar, em Alvaiázere, na III edição das Conferências do Centro,
dedicada ao tema “O Futuro da Banca”, que tem transmissão ‘online’.A
DECO está preocupada com a prioridade dada às empresas quando se fala
na aplicação dos fundos europeus da chamada “bazuca”, sem que sejam
ponderadas, em simultâneo, as ajudas de que muitas famílias irão
fatalmente necessitar.“É
urgente criar formas rápidas para capacitar consumidores frágeis com
alguma literacia digital e financeira e, dessa forma, evitar fraudes
bancárias”, afirma Natália Nunes.Segundo
a DECO, capacitar clientes e consumidores para a transição digital da
banca, melhorando os níveis de literacia financeira da população
socialmente mais vulnerável, irá contribuir para diminuir as
desigualdades no conhecimento e no acesso aos serviços bancários
digitais.“O
futuro da banca é um tema que afeta todos os portugueses. Poder
debatê-lo aqui, num território de baixa densidade, confirma que muitas
questões centrais para o país podem encontrar no interior novas
respostas”, afirma Luís Matos Martins, CEO da Territórios Criativos, a
empresa de consultadoria e de apoio ao empreendedorismo que organiza as
conferências.O
responsável, citado na mesma nota, refere que a iniciativa “vai abrir
portas a uma ponderação sobre formas eficazes de tornar mais acessíveis
as competências digitais que a banca irá impor aos seus clientes”.O
aumento de fraudes bancárias registado nos últimos meses, muitas delas
relacionadas com a aplicação MB WAY, tornou urgente a implementação de
medidas específicas para prevenir estes crimes.“A
iliteracia digital é uma emergência social que se tem agravado com o
desenvolvimento dos mercados financeiros, a crescente complexidade de
produtos, serviços e ferramentas financeiras digitais”, afirma Luís
Matos Martins.A
presidente da Câmara Municipal de Alvaiázere, Célia Marques, relembra o
encerramento do balcão do Millennium BCP no seu concelho por “critérios
de viabilidade económica” e os “transtornos graves que isso causou à
população”.“As
pessoas de Alvaiázere ficaram extremamente confrangidas por não terem
meios para se deslocar às sucursais mais próximas. Mas, sobretudo,
ficaram limitadas por não possuírem conhecimentos suficientes para
iniciar uma relação digital com o seu banco”, explica.A
III Conferência do Centro conta, ainda, entre outras, com as
participações de João Orvalho (professor do ensino superior e
especialista em data science), de Marco Neves (administrador executivo
do BPF - Banco Português de Fomento) e de Maria Luísa Aldim (CEO da VGD
Consulting).