MAI garante revisão do policiamento de proximidade e promete mais investimento
3 de nov. de 2024, 18:37
— Lusa
“A PSP
tem um programa há muitos anos que tem de ser revisitado e que é a
polícia de proximidade. Isso passa por ter mais quadros formados e um
diálogo que tem de ser feito com as autarquias, com a segurança social,
com as associações dos bairros. Estou crente que esse trabalho vai ser
feito”, afirmou Margarida Blasco, sublinhando: “É muito importante que o
cidadão confie na sua polícia. O Governo confia na polícia”.Em
declarações aos jornalistas no final do primeiro congresso da
Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), que
decorreu este fim de semana na Faculdade de Direito de Lisboa, a
governante explicou que há 500 futuros agentes a serem formados neste
momento e que essa revisão passa também por um reforço das condições dos
polícias. “Vamos fazer um investimento na
formação e, para isso, precisamos de abrir concursos para agentes, para
chefes, para oficiais. Estamos atentos e neste constante diálogo que
temos com os sindicatos e os polícias, um dos programas que vamos
reavivar é o policiamento de proximidade”, reforçou.Entre
os equipamentos que serão alvo de investimento estão bodycams, tasers e
novas viaturas para a Polícia de Segurança Pública (PSP), mas Margarida
Blasco lembrou que estas questões têm de passar por concursos públicos
até poderem chegar aos agentes no terreno.“Os
concursos públicos são morosos e temos de cumprir a lei. Agora, há a
nossa intenção de fazer um investimento em bodycams, tasers e no
material que é necessário para a atuação da polícia. Obviamente que está
inscrito e estamos à espera que os concursos terminem”, vincou,
esclarecendo sobre os dois concursos públicos já impugnados
relativamente às bodycams que a decisão está nos tribunais e que o
Governo aguarda por esse desfecho. Margarida
Blasco manifestou também a expetativa de que “brevemente” haverá
conclusões sobre o inquérito que ordenou à Inspeção-Geral da
Administração Interna (IGAI) sobre as circunstâncias da morte do cidadão
cabo-verdiano Odair Moniz, após ser baleado por um agente da PSP na
Cova da Moura (Amadora). A ministra
criticou ainda os desacatos na sequência desse caso e lembrou o
motorista da Carris que ficou gravemente ferido dias depois, ao ser
atingido num autocarro com um cocktail-molotov.“Os
tumultos que ocorreram durante a semana passada foram provocados por
pessoas que só estão a praticar crimes, não podemos dizer isto com
outras palavras. Há um motorista da Carris ferido, um autocarro que
estava a servir a comunidade... Tenho a certeza de que a comunidade está
com a sua polícia, porque sabe que a defende quando chama”, disse.Já
sobre a relação da polícia com as comunidades de alguns bairros, como o
Bairro do Zambujal ou a Cova da Moura, ambos no concelho da Amadora,
Margarida Blasco reiterou que as pessoas dessas comunidades “conhecem a
polícia” e que não se deve generalizar que estão contra os agentes.Odair
Moniz, cidadão cabo-verdiano de 43 anos e morador no Bairro do
Zambujal, na Amadora, foi baleado por um agente da PSP na madrugada de
21 de outubro, no Bairro da Cova da Moura, no mesmo concelho, e morreu
pouco depois, no hospital.Segundo a PSP, o
homem pôs-se “em fuga” de carro depois de ver uma viatura policial e
despistou-se na Cova da Moura, onde, ao ser abordado pelos agentes,
“terá resistido à detenção e tentado agredi-los com recurso a arma
branca”.Nessa semana registaram-se
tumultos no Zambujal e noutros bairros da Área Metropolitana de Lisboa,
onde foram queimados e vandalizados autocarros, automóveis e caixotes do
lixo, somando-se cerca de duas dezenas de detidos e outros tantos
suspeitos identificados. Sete pessoas ficaram feridas, uma das quais com
gravidade.