Magnitudes dos sismos no Faial não provocam “danos estruturais”
27 de nov. de 2019, 19:03
— Lusa/AO Online
"Se continuarmos com os sismos dentro
das magnitudes que estamos a ter, é normal que as pessoas possam a vir a
sentir mais alguns sismos, mas dentro destas magnitudes não há
possibilidade de haver danos estruturais nos edifícios", avançou à
agência Lusa Rui Marques, salientando que esta crise sísmica ocorre a
"uma distância muito grande da ilha do Faial".Desde
03 de novembro que está a ocorrer, numa zona entre os 25 e os 35
quilómetros a oeste do Faial, uma crise sísmica, que já registou mais de
mil eventos, tendo a população sentido 33 sismos até ao momento.O
último aconteceu na passada madrugada, às 02:53 locais (menos uma hora
que em Portugal continental), com magnitude 3,8 na escala de Richter, e o
mais intenso ocorreu em 05 de novembro, com magnitude de 4,4 na mesma
escala.Os sismos são classificados segundo
a magnitude, de acordo com a escala de Richter, como micro (menos de
2,0), muito pequeno (2,0-2,9), pequeno (3,0-3,9), ligeiro (4,0-4,9),
moderado (5,0-5,9), forte (6,0-6,9), grande (7,0-7,9), importante
(8,0-8,9), excecional (9,0-9,9) e extremo (quando superior a 10).A
crise sísmica do Faial ocorre numa zona que "recorrentemente apresenta
incrementos da atividade sísmica", tendo este ano sido registados outros
dois incrementos da atividade naquela zona, disse. Este
corresponde ao terceiro período de intensa sismicidade naquela
localização e diferencia-se pela ocorrência de sismos sentidos pela
população e pela "energia libertada", fator relacionado com a magnitude
dos sismos."Claramente estamos a ter uma
atividade que não é uma atividade sísmica que se regista todos os dias
do ano", assinalou Rui Marques. Devido à
magnitude dos eventos, o presidente do CIVISA estabeleceu um paralelismo
entre esta e a crise sísmica ocorrida de novembro de 1992 a fevereiro
de 1993, no mesmo local, onde os sismos registados apresentaram
magnitudes superiores às atuais e não provocaram "danos significativos".
"Os sismos que estamos a registar neste
momento têm magnitude muitíssimos inferiores e mesmo um sismo de
magnitude de 5,8, em janeiro de 93, não produziu danos significativos,
fez pequenas fissuras em edifícios debilitados", destacou.Atualmente,
esta crise sísmica ao largo da ilha do Faial, no grupo central do
arquipélago dos Açores, atravessa um "período de menor libertação de
energia" e com "menor frequência" da ocorrência de sismos. Contudo,
este decréscimo tanto pode significar uma aproximação ao final da crise
ou ser um "período transitório", uma vez que neste tipo de
acontecimentos existem "períodos com maior e menor libertação de
energia". "É totalmente impossível conseguirmos prever o final ou o aumento deste incremento de atividade", apontou.Sobre
a possível relação da crise sísmica ao largo do Faial com outros sismos
sentidos na Europa nos últimos dias, como na Grécia (grau 6 na escala
de Richter) ou na Albânia (6,4), Rui Marques considera que um "movimento
mais brusco numa placa tectónica" pode "influenciar outras zonas", mas
rejeita qualquer influência entre os acontecimentos."Não
se pode nunca pôr completamente de parte a associação de alguns eventos
sísmicos. Agora, se me perguntar diretamente se o sismo que tivemos na
Grécia ou na Albânia, a crise sísmica que estamos a registar a oeste do
Faial não terá nada que ver com esses sismos", afirmou.O
presidente do CIVISA considerou que atualmente existe "muito mais
acesso à informação", o que potencia "leituras erradas" acerca da
"perceção de que existem mais sismos de grande magnitude" nos dias que
correm. O investigador apontou que, apesar
de "algumas hipóteses serem debatidas ao nível científico", não há
qualquer ligação comprovada entre o número de sismos e as alterações
climáticas "Atualmente, não há nada que
nos diga, ou provas factuais, que há alguma ligação entre alterações
climáticas e o facto de existirem mais ou menos sismos ao nível do
planeta Terra. Não é factual", apontou.