Maduro diz que sanções contra Caracas limitam resposta contra pandemia
Venezuela
22 de fev. de 2021, 15:07
— Lusa/AO Online
Nicolás
Maduro falava na sessão inaugural da 46.ª sessão regular do Conselho de
Direitos Humanos da ONU, que hoje arrancou em Genebra (Suíça) e irá
prolongar-se até 23 de março.Numa
intervenção em formato virtual, Maduro disse que a Venezuela enfrenta
mais de 450 medidas sancionatórias que pretendem "exercer uma pressão
desmedida e uma perseguição” contra a sua liderança, com o objetivo
derradeiro de provocar uma mudança de governo naquele país.Dados
fornecidos por Caracas apontam que o Governo de Nicolás Maduro conta
com cerca de 30 mil milhões de dólares (cerca de 24,7 mil milhões de
euros) de ativos que estão bloqueados devido às sanções impostas pelos
Estados Unidos da América e pela União Europeia (UE).Segundo o Presidente venezuelano, estes ativos iriam ser utilizados para cobrir as necessidades básicas da população.“Os
sequestradores dos bens e dos recursos do Estado venezuelano têm
demonstrado uma grande crueldade, mesmo em circunstâncias de pandemia,
ignorando os apelos da comunidade internacional”, declarou o líder
venezuelano.O Alto Comissariado da ONU
para os Direitos Humanos, estrutura liderada pela Alta Comissária e
ex-Presidente chilena, Michelle Bachelet, já considerou que as sanções
financeiras contra a Venezuela não são a forma mais eficaz de promover e
de encorajar a colaboração do Governo de Maduro em matéria de direitos
humanos.Uma missão de investigação
mandatada pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU comprovou a
ocorrência de graves violações dos direitos humanos na Venezuela,
incluindo situações que podem representar crimes contra a Humanidade e
que contaram com a cumplicidade de altos funcionários do Governo
venezuelano.O regime de Caracas insiste
nas denúncias contra as sanções económicas e o respetivo reforço,
argumentando que estas medidas é que estão na origem da crise
humanitária que tem afetado o país nos últimos cinco anos e que já
provocou um êxodo de mais de cinco milhões de pessoas.A
Venezuela, país que conta atualmente com cerca de 28 milhões de
habitantes, enfrenta um clima de grande instabilidade política, situação
que se soma a uma grave crise económica e social.O país conta com uma significativa comunidade de portugueses e de lusodescendentes.Ainda
na intervenção, Nicolás Maduro prometeu colaborar com o Conselho de
Direitos Humanos da ONU e com o Alto Comissariado, mas manteve a
rejeição de "qualquer mecanismo inquisitorial que pretenda utilizar a
causa dos direitos humanos como um instrumento político”.E
acrescentou que tais “provocações de teor ideológico” não vão perturbar
a colaboração iniciada entre o regime de Caracas e o Alto Comissariado
da ONU para os Direitos Humanos, que atualmente conta com um pequeno
grupo de observadores destacados no território venezuelano.O
objetivo da Alta Comissária Michelle Bachelet é abrir uma representação
em Caracas, uma estrutura que possa trabalhar de forma independente e
mais ampla, mas este projeto tem sido rejeitado, até à data, por Maduro.Momentos
antes desta intervenção de Nicolás Maduro, a UE anunciava que tinha
adicionado esta segunda-feira 19 pessoas à lista de sanções que visa
personalidades do regime venezuelano, devido ao seu “papel em atos e
decisões que minam a democracia e o Estado de Direito” no país. “Os
indivíduos acrescentados à lista são responsáveis por minarem os
direitos eleitorais da oposição e o funcionamento democrático da
Assembleia Nacional [parlamento], por violações sérias dos direitos
humanos e restrições de liberdades fundamentais”, referiu uma nota
publicada pelo Conselho dos Negócios Estrangeiros, hoje reunido em
Bruxelas.Com o acrescento destes 19
indivíduos, o pacote de sanções contra a Venezuela visa agora um total
de 55 personalidades, que estão proibidas de viajar para a Europa e têm
os seus bens congelados no espaço europeu. “Estas
medidas direcionadas são desenhadas de maneira a não terem efeitos
humanitários adversos ou consequências não desejadas para a população
venezuelana, e podem ser revertidas”, informou o mesmo comunicado.