Madeira prevê 832 ME e alerta que contratação pública pode ser “obstáculo” à execução do plano
PRR
23 de abr. de 2021, 17:33
— Lusa/AO Online
"O
grande obstáculo que vejo aqui é a contratação pública, tal e qual como
ela está definida hoje em dia", afirmou Pedro Calado, em conferência de
imprensa, no Funchal, na qual expôs a versão final do PRR para a
Madeira.Pedro Calado indicou que a região
estima receber 832,2 milhões de euros para projetos a executar até 2026,
mais 141 milhões face à primeira versão do plano, apresentada em
fevereiro."Todos estes projetos que aqui
estão definidos são de grande envergadura financeira e, naturalmente,
tudo tem de ser feito com concursos públicos e todos eles dão direito a
que as empresas que não foram escolhidas possam apresentar reclamações",
disse, sublinhando que isso poderá "condicionar muito" a execução dos
investimentos.O governante explicou que a
Madeira deverá receber 697,2 milhões de euros de afetação direta em
subvenções e 135 milhões em empréstimos, para projetos a executar até
2026 em três áreas fundamentais: resiliência, transição climática e
transição digital.O governo regional, de coligação PSD/CDS-PP, conta receber em outubro o primeiro adiantamento, no valor de 51 milhões de euros.De
acordo com o plano, 536 milhões de euros serão investidos na área da
resiliência (saúde, habitação, respostas sociais, cultura,
capitalização, empresas e gestão hídrica), 83,1 milhões na transição
climática (energias renováveis) e 213 milhões na transição digital
(administração pública, empresas e escolas).Além
do PRR, o executivo madeirense conta ainda receber verbas através do
REACT-UE - Iniciativa de Assistência à Recuperação para a Coesão e os
Territórios da Europa, bem como do Quadro Financeiro Plurianual
(2021-2027), num total previsto de 1.859 milhões de euros, mas com a
possibilidade de chegar a 1.974 milhões."A
transparência tem de ser assumida por todos os Estados-membros e todos
os procedimentos têm de ser claros e legais", disse Pedro Calado,
alertando, no entanto, para o facto de a legislação referente à
contratação pública ser "altamente burocrática" e "penalizadora" em
termos de execução dos projetos. O
governante considera que o país deveria ter sido "muito mais ambicioso"
na preparação de legislação específica, sem condicionar a transparência e
legalidade dos procedimentos, de forma a não pôr em causa a realização
das verbas do PRR."Caso contrário, será uma grande oportunidade perdida", declarou.O
vice-presidente do governo madeirense disse ainda que as regiões
autónomas devem "obrigatoriamente" integrar o capital social do Banco de
Fomento, responsável pela gestão dos fundos."Vamo-nos
debater, custe o que custar, para termos o mesmo tratamento que
qualquer outro cidadão português", disse, reforçando: "Não se trata de
reivindicações, trata-se de exigir para os madeirenses exatamente aquilo
que é feito a nível nacional".Portugal
entregou na quinta-feira o PRR à Comissão Europeia, através da
plataforma informática oficial, tornando-se o primeiro Estado-membro da
União Europeia a enviar a versão final.