Madeira pondera encerrar salas hospitalares dedicadas à doença
Covid-19
2 de nov. de 2021, 12:35
— Lusa/AO Online
A possibilidade de
encerramento das salas dedicadas à Covid-19 no Hospital Dr. Nélio
Mendonça, no Funchal, foi avançada pelo secretário regional da Saúde e
Proteção Civil na Assembleia Legislativa da Madeira, no decorrer do
debate potestativo proposto pelo PSD sobre a vacinação contra a doença
na região.Respondendo ao deputado Paulo
Alves (JPP), Pedro Ramos justificou a possibilidade com a baixa taxa de
utilização daquelas salas hospitalares, que tem sido inferior a 10
doentes, não havendo internados na unidade de cuidado intensivos.O
líder parlamentar do PS, Rui Caetano, e a deputada do CDS-PP Ana
Cristina Monteiro questionaram o governante sobre as medidas definidas
face ao previsto fluxo de entrada de pessoas, entre os quais os
emigrantes, na quadra natalícia.Ana
Cristina Monteiro referiu o problema da falta de reconhecimento de
algumas vacinas contra a covid-19 administradas em países fora da União
Europeia, nomeadamente na Venezuela, um dos destinos da emigração
madeirense.“A estratégia será a mesma”,
declarou Pedro Ramos, acrescentando que aqueles que foram inoculados com
vacinas não cientificamente reconhecidas têm de efetuar o teste
antigénio à chegada e “se ficarem tempo suficiente fazem vacinação na
região”.Quanto ao líder da bancada
socialista, o maior partido da oposição, que ocupa 19 dos 47 lugares no
hemiciclo, criticou o que classificou como “cassete do pioneirismo
colocada há muito tempo” nas medidas de combate à pandemia pelo
executivo regional.Porém, sublinhou, o arquipélago ainda não atingiu a imunidade de grupo (85% da população com a vacinação completa).O
problema das listas de espera na saúde - que, segundo o Serviço
Regional de Saúde (SESARAM), incluem 118 mil atos médicos por realizar -
foi outro ponto focado no debate.O
governante informou que o trabalho desenvolvido pela Comissão de
Acompanhamento vai permitir “expurgar mais de 8.000 atos médicos”,
exemplificando com o caso de um utente que tinha sete marcações para a
mesma consulta. O deputado único do PCP,
Ricardo Lume, considerou que o Sistema Regional de Saúde (SRS) “tem
vindo a piorar” na última década, acrescentando que há uma “estratégia
de descapitalização para dar mais lucros ao negócio da doença”,
beneficiando o setor privado.Pedro Ramos
assegurou que “o SRS será diferente a partir de 2021”, porque está
previsto um “esforço hercúleo, com verbas que vêm da União Europeia”.Entre
outros aspetos, o secretário regional destacou que a Madeira apresenta
“a mais baixa taxa de mortalidade” associada à covid-19 do país (0,6%) e
é considerada uma “região verde, segura em termos sanitários”, o que
tem permitido uma retoma económica “mais rápida”.A região, sublinhou, nunca “negligenciou a pandemia” e atuou por antecipação.O
secretário destacou a importância da reorganização do SRS e alertou que
“a pandemia ainda não acabou e pode prolongar-se por causa da
incompetência, ignorância, desleixo, relaxamento e falta de colaboração
dos cidadãos, o que pode ter resultados negativos”. Por isso, apelou à
vacinação.Ainda antes, a deputada do PSD
Rubina Leal abriu o debate afirmando que as medidas adotadas no
arquipélago permitiram que a Madeira “não colapsasse, como aconteceu com
o resto do país”, neste contexto pandémico.A
social-democrata destacou que os “municípios estão em pé de igualdade”
no processo de vacinação, que tem demonstrado ser “célere, justo e
competente”, porque “não se perderam vacinas, nem se extraviaram doses”.“Tudo
foi possível sem apoio do Governo da República, que recusou dar um aval
de 450 milhões de euros” de empréstimo à Madeira, afirmou.