Madeira lembra que subsídio social de mobilidade espera revisão há três anos
2 de jul. de 2019, 17:24
— Lusa/AO Online
Durante uma audição na Comissão de Economia,
Inovação e Obras Públicas, na Assembleia da República, Pedro Nuno Santos
disse que a verba utilizada para a atribuição de subsídios sociais de
mobilidade para aqueles voos "aumentou quatro vezes mais do que o que o
tráfego justificaria".O ministro considera
que o atual sistema tem “incentivos perversos” e propicia a fraudes e
preços inflacionados por parte das agências de viagens, pelo que o
executivo está a trabalhar numa solução de mobilidade que proteja os
residentes das regiões autónomas.“Não
podemos ignorar. Em 2015 gastávamos 17 milhões de euros e em 2018
gastámos 75 milhões. Isto quando o tráfego só cresceu 12% em
passageiros. O preço que estamos a financiar, coletivamente, aumentou
quatro vezes mais do que o que o tráfego justificaria”, disse o
governante."Vindo do senhor ministro,
surpreendeu-me estas declarações porque a região Autónoma da madeira e o
Governo Regional já andam há mais de três anos a pedir para se fazer a
revisão deste sistema", comentou o vice-presidente do Governo da
Madeira.Pedro Calado adiantou que o
executivo sabe que o atual modelo "é um sistema que não tem sido justo,
nem correto, e tem privilegiado essencialmente as companhias aéreas"."Na
prática, as famílias adiantam os valores para um sistema que está a
inflacionar as passagens aéreas e que só servem as companhias aéreas que
são beneficiadas, uma SATA e uma TAP, aqui, para a região",
acrescentou.Pedro Calado realça que "quem deixou que isto acontecesse até ao dia de hoje foi o Governo da República socialista"."Se
um ministro do Governo vem dizer que este sistema gera perversidade ou
alguma situação anómala, acho que o Governo da República tem todos os
mecanismos para estudar, avaliar e corrigir esta situação em benefício
de todos nós", referiu, à margem de uma visita à empresa Gás Link, do
Grupo Sousa. O subsídio social de
mobilidade é atribuído aos passageiros residentes, residentes
equiparados, e estudantes das regiões autónomas, pelas viagens
realizadas entre o Continente e as Regiões Autónomas da Madeira e
Açores, e entre a Região Autónoma da Madeira (RAM) e a Região Autónoma
dos Açores (RAA), implicando o pagamento e a utilização efetiva do
bilhete.Questionado pelos deputados sobre o
aumento dos preços das viagens, Pedro Nuno Santos lembrou que existem
tetos máximos e que o Estado financia o remanescente, até ao limite de
400 euros no caso da Madeira. "Agora não
podemos subsidiar empresas num mercado liberalizado. Não podemos ligar
para a TAP e dizer ‘vocês vão baixar os preços para metade’", disse
ainda o ministro, lembrando que existem regras comunitárias que limitam
ou impedem a atribuição de subsídios em mercados concorrenciais e, por
outro lado, é necessário perceber se os operadores privados mantêm o
interesse em assegurar este serviço.