Madeira e Açores rejeitam cortes nas políticas europeias e mudanças no acesso aos fundos
20 de nov. de 2019, 10:17
— Lusa/AO Online
A posição foi manifestada à agência Lusa pelo presidente do Governo
Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, e pelo secretário regional
Adjunto da Presidência para as Relações Externas dos Açores, Rui
Bettencourt, que hoje estiveram reunidos com responsáveis políticos de
Espanha e de França, países que também têm regiões ultraperiféricas
(RUP), num total de nove destas zonas representadas em Bruxelas
(incluindo as portuguesas).Em declarações à
Lusa, Miguel Albuquerque notou que, na proposta apresentada em maio do
ano passado pela Comissão Europeia para o próximo quadro financeiro
plurianual da UE, entre 2021 e 2027, “está a ser posta em causa uma
restrição da política de coesão”.“[Tal
situação] iria criar fissuras e disfuncionalidades e, para nós, é
inaceitável”, salientou o líder do Governo Regional da Madeira.“Estamos
a grandes distâncias do continente europeu, não temos escala de mercado
e precisamos que a Europa continue a desenvolver as suas políticas
tradicionais”, vincou Miguel Albuquerque.O
presidente do executivo madeirense rejeitou também “restrições” no
acesso às verbas comunitárias, por estar a ser equacionada uma redução
da taxa de cofinanciamento de Bruxelas para as RUP de 85% para 70%
(obrigando estas regiões a aumentarem a alocação de fundos próprios).Posição
semelhante manifestou o secretário regional Adjunto da Presidência para
as Relações Externas dos Açores, Rui Bettencourt, realçando que a
redução desta taxa de cofinanciamento “cria um esforço maior para a
região”.“Não aceitamos cortes e não
aceitamos uma redução da taxa de cofinanciamento porque isso levaria a
uma duplicação, de 200 milhões para 400 milhões de euros, em fundos
próprios para podermos aceder a fundos comunitários, o que seria para
nós um esforço muito grande”, referiu o governante açoriano à Lusa.Além
dos fundos da Coesão, também têm peso nas regiões autónomas da Madeira e
dos Açores as políticas comuns agrícola e de pescas.Eventuais
cortes destas verbas estruturais europeias teriam, assim, impacto “em
todos os setores de atividade”, assinalou Rui Bettencourt, admitindo que
os agricultores açorianos poderiam ser particularmente prejudicados.Ambos
os governantes regionais admitiram “ter esperança” num retrocesso da
nova Comissão Europeia, que deverá entrar em vigor em 01 de dezembro e
que conta com a portuguesa Elisa Ferreira na pasta da Coesão e Reformas.Também
presente no encontro dos presidentes das RUP esteve a secretária de
Estado dos Assuntos Europeus, Ana Paula Zacarias, que no final do
encontro admitiu que esta “vai ser uma negociação difícil”.“Os
cortes que estão, neste momento, previstos a nível da Coesão e da
Política Agrícola Comum afetam todos os países ditos como amigos da
coesão e da PAC, e, ao afetarem todas as regiões, também têm reflexos
nas RUP, sendo que estas têm especificidades próprias porque estão muito
longe e têm custos acrescidos de transporte e sociais”, observou Ana
Paula Zacarias.A secretária de Estado rejeitou, por isso, “cortes aleatórios” nestas verbas comunitárias.Ana
Paula Zacarias defendeu ainda uma maior projeção das RUP a nível
europeu, razão pela qual estas regiões serão promovidas aquando da
presidência portuguesa da União Europeia no primeiro semestre de 2021.