Madeira diz que solidariedade do Estado para com as regiões autónomas é “residual”
25 de nov. de 2021, 12:25
— Lusa/AO Online
“Havia
a expectativa de que o PS ia governar o país como um todo, mas relegou
as relações institucionais entre os dois governos [Madeira e República]
para um plano secundaríssimo”, afirmou Miguel Albuquerque, reforçando
que as questões de Estado foram substituídas por interesses
político-partidários, com o propósito de conquistar a região autónoma. O
chefe do executivo madeirense (PSD/CDS-PP) falava na Assembleia
Legislativa, no âmbito do debate mensal com o governo, hoje subordinado
ao tema “assuntos pendentes com o Governo da República”. Albuquerque
apontou como exemplo da “solidariedade residual” a diminuição na
transferência de verbas do Orçamento do Estado, mesmo em situação de
pandemia, que corresponde a 11% do Orçamento da Região Autónoma.“O
Estado tudo tem feito para denegar as suas responsabilidades, quer no
período de normalidade, quer de exceção”, disse, acrescentando que esta
atitude é “comum a todos os governos da República”. O
presidente do Governo Regional considerou que os “assuntos pendentes”
são de “base doutrinária” e, embora decorram de princípios consagrados
na Constituição portuguesa, não foram cumpridos pelo Estado ao longo das
“sucessivas legislaturas”. “A classe
política nacional é a mais centralista ao nível europeu e é a que mais
reclama da União Europeia o que não cumpre dentro do território”,
declarou. Entre os “assuntos pendentes”
destacam-se a mobilidade aérea e marítima, a majoração do financiamento
da Universidade da Madeira, a dívida do Estado relacionada com os
subsistemas de saúde das Forças Armadas, GNR e PSP, a revisão da Lei das
Finanças Regionais e o Centro Internacional de Negócios da Madeira. O
PS, maior partido da oposição regional, reagiu afirmando que as
questões ainda não foram resolvidas porque o Governo Regional não é
capaz de os negociar com a República. “Falar
muito alto dá jeito ao nível político-partidário, mas não resolve os
problemas dos madeirenses”, disse o líder da bancada socialista, Rui
Caetano, sublinhando que foram solucionados mais assuntos com o Governo
socialista de António Costa do que com todos os executivos do PSD.O
deputado apontou como exemplos a classificação da obra do novo hospital
como projeto de interesse comum, a participação da região no Banco de
Fomento e o reforço de verbas do Plano de Recuperação e Resiliência, que
inicialmente previa 2,5% do total e passou para 5%. E reforçou: “O passado tem demonstrado que os governos do PSD não têm vias verdes para a Madeira.”Rui
Caetano acusou, por outro lado, o Governo Regional de ter também
“assuntos pendentes” com a Madeira, indicando que esta é a região que
regista maior perda de população, tem a taxa mais elevada de pobreza e
exclusão social, a população mais envelhecida, a taxa de natalidade mais
baixa e as taxas de emigração e desemprego mais altas. “É
mentira”, respondeu Miguel Albuquerque, adiantando que a região
autónoma é uma das regiões do país que mais cresceram, ao contrário do
país, que, disse, sinaliza a taxa de crescimento mais baixa da Europa ao
cabo de seis anos de Governo socialista.