Madeira desvaloriza impacto do ‘chumbo’ na execução do PRR na região
OE/Crise
29 de out. de 2021, 12:22
— Lusa/AO Online
“Neste
momento, toda a gente pensa que a salvação de Portugal vai ser o Plano
de Recuperação e Resiliência, [mas] a salvação de Portugal é as pessoas
começarem a entender que é preciso um governo que apoie os empresários,
apoie o crescimento económico, apoie os cidadãos na criação de riqueza”,
afirmou.Miguel
Albuquerque, que falava à margem de uma visita a uma empresa de artigos
de cozinha, no Funchal, sublinhou que o ‘chumbo’ do OE2022 e a provável
realização de eleições antecipadas não constituem “grande drama”,
sublinhando também que o impacto ao nível do PRR será “relativo”. O
chefe do executivo madeirense, de coligação PSD/CDS-PP, reconhece que
poderá haver um “atraso” na execução dos projetos, mas reafirmou ser
melhor governar em duodécimos do que baseado num Orçamento “gerido pelo
centralismo”, que implicava uma redução das transferências do Estado
para a região na ordem dos 15 milhões de euros. “Nós, aqui, vamos apresentar o nosso Orçamento e, posteriormente, apresentaremos um orçamento retificativo”, indicou. O
Plano de Recuperação e Resiliência vai canalizar para a Região Autónoma
da Madeira um total de 832,2 milhões de euros – 697,2 milhões de
afetação direta em subvenções e 135 milhões em empréstimos – para
projetos a executar até 2026 em três áreas fundamentais: resiliência,
transição climática e transição digital. Miguel
Albuquerque confirmou, por outro lado, a sua presença no Conselho de
Estado, na quarta-feira, no Palácio da Cidadela, em Cascais, e destacou a
participação da presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine
Lagarde, na primeira parte da reunião, marcada para as 14:00.“É
bom ouvi-la, porque a Europa está numa situação que se afigura um pouco
difícil”, disse, apontando para problemas relacionados com o aumento
dos custos de energia, devido à escassez de matérias-primas, e
consequente “pressão inflacionista” sobre os mercados e os países. “Essa
pressão inflacionista pode levar à subida das taxas de juro, o que traz
um grande problema para Portugal, porque temos neste momento uma dívida
superior 136% do PIB [Produto Interno Bruto], pagamos mais de 5 mil
milhões de euros por ano de juros, e basta haver uma pequena alteração
nas taxas de juros para termos problemas de liquidez e de
financiamento”, alertou. O
parlamento ‘chumbou’ quarta-feira, na generalidade, o Orçamento do
Estado para 2022 (OE2022) com os votos contra do PSD, BE, PCP, CDS-PP,
PEV, Chega e IL, abrindo caminho a eleições legislativas antecipadas.O
PS foi o único partido a votar a favor da proposta orçamental, que
mereceu as abstenções do PAN e das duas deputadas não-inscritas, Joacine
Katar Moreira e Cristina Rodrigues.Antes
da votação, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, já
tinha avisado que perante um chumbo do OE2022 iria iniciar "logo, logo,
logo a seguir o processo" de dissolução do parlamento e de convocação de
eleições legislativas antecipadas.