Madeira critica Governo por não revelar verbas a transferir para a região
UE/Cimeira
22 de jul. de 2020, 12:29
— Lusa/AO Online
"Estaremos muito atentos para ver que
montantes vão ser transferidos para a região e estamos abertos a todo o
diálogo institucional, mas não nos façam de tontos", afirmou Pedro
Calado, durante a discussão do Orçamento Suplementar da Madeira, no
parlamento regional. O governante
sublinhou que o Fundo de Recuperação e os subsídios do orçamento da
União Europeia a longo prazo para Portugal - 45 mil milhões de euros -
foram uma "boa negociação" para o Governo da República, liderado pelo
socialista António Costa, e, por isso, terá de ser "obrigatoriamente"
uma boa negociação para as regiões autónomas. "Não
nos vão calar com migalhas", alertou, sublinhando que o Governo
Regional, de coligação PSD/CDS-PP, registou sempre uma das "melhores
taxas" de execução dos fundos comunitários. Pedro
Calado lamentou, por isso, que o primeiro-ministro tenha anunciado
imediatamente um apoio de 300 milhões de euros para o Algarve, para
fomentar a recuperação do turismo, não mencionando a Madeira, onde a
atividade turística, uma das mais afetadas pela pandemia de covid-19,
representa cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) regional."Esperávamos
que houvesse um discurso unitário para todo o país", afirmou, vincando
que o executivo regional conta receber 700 milhões de euros ao abrigo do
Fundo de Recuperação e dos subsídios do orçamento da União Europeia
para 2021-2027.A proposta de Orçamento
Suplementar da Madeira, no valor de 2.034 milhões de euros, mais 287,7
milhões de euros do que o inicialmente aprovado para 2020, incide sobre
duas "áreas essenciais": as funções sociais, com um reforço de 141
milhões euros, cujo foco é a saúde (116,5 milhões), a educação (16,3
milhões); e as funções económicas, com uma verba adicional de 135,8
milhões direcionada para os setores do turismo e comércio (26,9 milhões)
e outras atividades (96 milhões).Durante a
manhã, a oposição no parlamento regional questionou a distribuição
destas verbas e criticou o que considera ser a falta de plano e de
estratégia do executivo."Não encontramos
neste orçamento medidas adicionais para a segunda fase de combate à
situação económica gerada pela pandemia, nomeadamente a subida do
desemprego", disse o deputado socialista Sérgio Gonçalves, sublinhando
que não foi preparada uma "estratégia objetiva" para o relançamento da
economia.O deputado do PS, maior partido
da oposição madeirense, considerou que a "total ausência" do reforço de
verbas para a Secretaria Regional do Turismo e Cultura traduz essa
situação. Rafael Nunes, do JPP, afirmou,
por seu lado, que o Orçamento Suplementar é "manifestamente
insuficiente", sobretudo na área da saúde, com verbas que considera "uma
gota no oceano" e que não refletem as "aflições de milhares de
madeirenses". O deputado comunista Ricardo
Lume sublinhou também a fraca aposta no setor da saúde e propôs ao
governo a renegociação das parcerias público-privadas, nomeadamente na
área rodoviária, considerando que é possível arrecadar cinco milhões de
euros e canalizá-los para a área social. Pedro
Calado respondeu à oposição afirmando que o plano e a estratégia do
governo face à crise gerada pela pandemia de covid-19 foram elaborados
sempre "à custa" do orçamento da região, revelando-se "um sucesso" em
todas as áreas e um exemplo nacional e internacional. O
governante lamentou também a falta de solidariedade do Governo da
República, indicando que a "única benesse" concedida à região foi a
autorização o endividamento até 10% do PIB regional.