Macron convoca líderes de países do Sahel para exigir apoio claro
4 de dez. de 2019, 17:40
— Lusa/AO Online
“Devemos a muito curto prazo voltar a
clarificar o âmbito e as condições políticas da nossa intervenção no
Sahel com os cinco Estados membros do G5 Sahel [Mali, Burkina Faso,
Níger, Chade e Mauritânia]”, disse Macron. “Não
posso nem quero ter soldados franceses no Sahel enquanto permanecer a
ambiguidade face aos movimentos antifranceses”, advertiu, uma semana
após a morte de 13 soldados da força de intervenção francesa Barkhane no
Mali numa colisão de helicópteros. A
presença de tropas estrangeiras no Sahel, em particular da força
francesa Barkhane que foi enviada para combater os grupos ‘jihadistas’,
confronta-se aparentemente com uma crescente rejeição por parte das
populações do Burkina Faso, Mali e Níger. “Devem-nos
a clareza, o facto de nos pedirem para estarmos presentes aí, e que o
assumam. É necessário que seja muito claro e assumido por todos, mas de
momento, e de forma suficiente, não é o caso”, salientou.“Preciso de clarificações para continuar a manter a presença francesa”, insistiu num tom firme.
“É necessário que o afirmem no seu país e perante a sua opinião
pública. É uma condição necessária. Extrairei as consequências caso não
sejam preenchidas essas condições”. “A
França não está presente [no Sahel] com objetivos neocoloniais,
imperialistas, ou com objetivos económicos. Estamos aí pela segurança
coletiva da região e da nossa”, argumentou o Presidente francês. Macron
também explicou que pretende “organizar uma presença mais forte e mais
estruturada” da França no Sahel através “de uma nova coligação” em
ligação com os parceiros europeus e africanos. Apesar
da presença das forças francesas (Barkhane, 4.500 soldados), regionais
(força conjunta do G5 Sahel que inclui o Mali, Burkina Faso, Níger,
Mauritânia e Chade) ou da ONU (Minusma), o Sahel continua a registar
ataques ‘jihadistas’ cada vez mais frequentes após os primeiros
incidentes armados no norte do Mali em 2012. Desde
2015, os ataques ‘jihadistas’ no Burkina Faso provocaram mais de 700
mortos, de acordo com a agência noticiosa AFP, e cerca de 500.000
deslocados e refugiados, segundo as Nações Unidas.