Macron conta com China para trazer Rússia “de volta à razão”
Ucrânia
6 de abr. de 2023, 08:35
— Lusa/AO Online
“Sei que
posso contar convosco para trazer a Rússia de volta à razão e à mesa de
negociações”, disse Macron a Xi, num encontro no Grande Palácio do
Povo, junto à Praça Tiananmen, em Pequim.Os
dois líderes vão fazer declarações à imprensa às 17h30 (10:30, em
Portugal), seguindo-se uma reunião trilateral na presença da presidente
da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, que também está a realizar
uma visita oficial à China.Os líderes
europeus esperam convencer Xi Jinping, um aliado próximo de Moscovo, a
usar a sua influência junto do líder russo, Vladimir Putin, para pôr fim
ao conflito na Ucrânia.Recebido de manhã
em Pequim pelo primeiro-ministro chinês, Li Qiang, Macron sublinhou a
“importância” do “diálogo entre China e França nestes tempos conturbados
que atravessamos”.De seguida, reuniu com o
presidente da Assembleia Popular Nacional da China, Zhao Leji, a quem
“sublinhou os impactos da guerra na Ucrânia na segurança e nos
equilíbrios estratégicos globais”.Von der
Leyen, que foi recebida por Li Qiang, sublinhou que as “relações UE -
China tornaram-se complexas nos últimos anos, e que é importante abordar
juntos todos os aspetos desta relação”, especialmente num “ambiente
geopolítico volátil”.A Europa tem
pressionado a China para que desempenhe um papel nos esforços para
alcançar a paz na Ucrânia. As visitas dos líderes europeus ocorrem
apenas algumas semanas depois de Xi reunir com Putin, em Moscovo.“Se
há um único país que pode levar Moscovo a mudar os seus cálculos é a
China”, admitiu, na segunda-feira, um funcionário do gabinete de Macron,
citado pelo jornal britânico Financial Times.Xi
e Putin declararam, anteriormente, uma “amizade sem limites” entre os
seus países, nas vésperas da invasão da Ucrânia, em fevereiro de 2022.
Pequim recusou-se a criticar Moscovo, mas tentou manter uma imagem de
neutralidade e apelou a um cessar-fogo e a conversações de paz, mas nem
sequer falou ao telefone com o seu homólogo ucraniano, Volodomyr
Zelensky, desde que o conflito começou.Pequim
deseja manter o governo de Putin como um parceiro diplomático viável,
para contrapor a ordem democrática liberal liderada pelos Estados
Unidos, e um fornecedor de energia de confiança.Macron
disse que tem a ambição de “ser uma voz que una a Europa”, razão pela
qual convidou a Presidente da Comissão Europeia a acompanhá-lo.No
primeiro dia da sua visita de Estado de três dias, o presidente francês
disse na quarta-feira que Pequim pode desempenhar um “papel importante”
em “encontrar um caminho para a paz” na Ucrânia, citando o documento de
12 pontos sobre a posição da China no conflito, divulgado em pevereiro
passado.Ursula von der Leyen, por seu
lado, lançou um aviso muito mais duro, na semana passada, em Bruxelas.
“A forma como a China continua a responder à guerra de Putin vai ser um
fator determinante no futuro das relações UE-China”, apontou.