Macron aceitou demissão do governo, limitado a assuntos correntes
França
17 de jul. de 2024, 11:58
— Lusa/AO Online
Attal, empossado como
primeiro-ministro a 09 de janeiro deste ano, deve juntamente com os
outros membros do governo "tratar dos assuntos correntes até à nomeação
de um novo governo", refere o comunicado do Eliseu.Não
existe um prazo definido para que Macron nomeie um novo
primeiro-ministro, na sequência da segunda volta das eleições
legislativas que deram a vitória, sem maioria, à coligação de esquerda
Nova Frente Popular, à frente dos partidos que apoiam Macron.O
primeiro-ministro, agora interino, apresentou a demissão na semana
passada, depois de um resultado eleitoral que deixou o parlamento
fraturado ter deixado o governo no limbo. Macron
pediu-lhe que se mantivesse temporariamente como chefe do governo,
enquanto se aguarda uma nova decisão, numa altura em que a França está
prestes a organizar os Jogos Olímpicos de Paris.No
entanto, Attal deverá, segundo analisa a agência noticiosa
France-Presse (AFP), manter-se à frente dos assuntos correntes durante
"algumas semanas", presumivelmente até ao fim do período sensível dos
Jogos Olímpicos, que se realizam em França, de 26 de julho a 11 de
agosto.Ao final da manhã de hoje, o
governo, liderado por Macron, realizou a sua primeira reunião do
Conselho de Ministros no Palácio do Eliseu desde as eleições
legislativas antecipadas convocadas pelo chefe de Estado após a derrota
retumbante do seu partido nas eleições europeias do início de junho.Nas
legislativas, a coligação de esquerda Nova Frente Popular (NFP) obteve o
maior número de lugares, mas não conseguiu ter maioria absoluta na
Assembleia Nacional, que está agora dividida em três blocos: o NFP (190 a
195 lugares), seguido do campo presidencial de centro-direita (cerca de
160 lugares) e da extrema-direita e seus aliados (143 lugares).Macron
deu a entender no Conselho de Ministros de hoje que esta situação de um
governo demissionário - com um papel político mínimo - poderia "durar
algum tempo", "algumas semanas", provavelmente até, pelo menos, ao fim
dos Jogos Olímpicos, de acordo com participantes entrevistados pela AFP.Esta
nova configuração permitiria assegurar "em nome da continuidade, o
funcionamento mínimo do Estado francês", explica uma nota da
Secretaria-Geral do Governo (SGG) datada de 02 de julho.Entretanto,
os partidos de esquerda franceses chegaram a acordo sobre uma
candidatura única à presidência da Assembleia Nacional, anunciou hoje o
líder do Partido Socialista (PS) francês, Oliver Faure, que não
adiantou, contudo, o nome acordado."Chegámos
a acordo sobre uma única candidatura à presidência da Assembleia
Nacional", disse Faure aos jornalistas na sede do parlamento, evitando
dar o nome ou a filiação do candidato, por considerar que isso é algo
que corresponde "aos presidentes dos grupos parlamentares" dos quatro
partidos, que negociaram.O acordo foi
obtido depois de os partidos que compõem a Nova Frente Popular (NFP,
socialistas, comunistas, ecologistas e França Insubmissa (LFI) terem
intensificado hoje os seus confrontos verbais devido à falta de consenso
sobre um candidato ao cargo de primeiro-ministro.O
nível de desacordo chegou a tal ponto que o secretário nacional do
Partido Comunista (PCF), Fabien Roussel, avisou hoje: "se não chegarmos a
uma solução nos próximos dias, será um verdadeiro naufrágio".As
declarações de Fabien Roussel foram feitas depois de o coordenador
nacional do LFI, Manuel Bompard, ter rejeitado a proposta de Laurence
Tubiana para o cargo de primeiro-ministro, apresentada pelos outros
parceiros do NFP."É uma proposta que não
me parece séria", disse Bompard à France 2, na qual afirmou que a
chegada de Tubiana à chefia do governo significaria "deixar entrar pela
janela os ‘macronistas’ que foram afastados" nas eleições legislativas.O
LFI anunciou segunda-feira que estava a abandonar as negociações para
chegar a acordo sobre um nome comum da esquerda para nomeação como
primeiro-ministro, a apresentar a Emmanuel Macron.