“Má” gestão de Boris Johnson e ‘Brexit’ favorecem independência escocesa
Covid-19
26 de nov. de 2020, 12:31
— Lusa/AO Online
Várias
sondagens divulgadas nos últimos meses notaram uma vantagem do “sim” à
independência da Escócia até um valor recorde de 58% registado da
empresa Ipsos Mori em meados de outubro.“A
opinião dos escoceses é que o governo escocês e [a chefe do governo]
Nicola Sturgeon geriram melhor a pandemia e que o governo britânico e
Boris Johnson geriram mal. Uma minoria, mas minoria significativa, dos
que votaram “não" em 2014, chegou à conclusão, segundo as sondagens, que
a Escócia teria gerido a pandemia de forma mais eficaz como país
independente”, afirmou hoje, durante um ‘webinar’ organizado pelo centro
de estudos 'Institute for Government’.O
Reino Unido é o país europeu e o quinto a nível mundial, atrás dos EUA,
Brasil, Índia e México, com o maior número de mortes de Covid-19, tendo
contabilizado 56.533 oficialmente e 66.713 cujas certidões de óbito
fazem referência ao novo coronavírus como fator contributivo.Por
outro lado, referiu, Johnson é também a pessoa mais associada com o
processo do ‘Brexit’, desde o referendo em 2016 à saída formal do Reino
Unido da União Europeia (UE) em 31 de janeiro. “Boris
Johnson teve um papel crucial em estimular o apoio à independência na
Escócia e os defensores da união devem questionar-se se iria ajudar caso
ele continuar à frente do Governo no caso de termos outro referendo”,
comentou. Em 2014, 55% dos cidadãos
escoceses votaram contra a separação da região do Reino Unido, uma clara
vitória em comparação com 45% a favor da independência.Em
2016, os escoceses votaram esmagadoramente (62%) contra a saída da UE,
contra 52% no total do Reino Unido, o que ditou o ‘Brexit’.Boris
Johnson recusou autorizar um novo referendo sobre a independência
pedido por Nicola Sturgeon, mas os analistas políticos consideram que
uma vitória substancial do Partido Nacionalista Escocês (SNP) nas
eleições regionais de maio de 2021 pode colocar pressão sobre Londres. A
professora de Direito Sionaidh Douglas-Scott disse que um entendimento
entre o governo britânico e governo escocês, tal como aconteceu em 2014,
é a via “preferencial” porque é importante a comunidade internacional
reconhecer o processo. “É importantes as
regras serem aceites, nomeadamente pela União Europeia" para haver a
possibilidade a Escócia de aderir ao bloco europeu, vincou a académica
nas universidades Queen Mary, em Londres, e Princeton, nos Estados
Unidos. “Declarações unilaterais de
independência como fez o Kosovo não são ilegais, mas muitos países
recusaram reconhecer declarações unilaterais. A
hipótese de um referendo consultivo também tem sido debatida, mas
Douglas-Scott lembrou os "problemas práticos" que enfrentou a consulta
realizada na Catalunha em 2017, "cujo resultado não foi aceite nem teve
uma grande participação”.