Luz do sol, dióxido de carbono e água para fazer combustível
25 de ago. de 2020, 18:40
— Lusa/AO online
Os
resultados da investigação foram publicados na revista “Nature Energy” e
indicam que o dispositivo não precisa de outros componentes nem de
estar ligado à eletricidade, sendo “um passo significativo” para chegar à
fotossíntese artificial, um processo que imita a capacidade das plantas
de converter a luz do sol em energia. O
dispositivo converte luz solar, dióxido de carbono e água em ácido
fórmico, um produto armazenável que pode ser usado diretamente ou
convertido em hidrogénio. Os investigadores dizem que o dispositivo
poderia ser usado em centrais de energia, como as centrais solares, para
produzir um combustível limpo, utilizando luz solar e água. Converter
o dióxido de carbono em combustível poderia ser uma forma de reduzir as
emissões de gases com efeito de estufa e ao mesmo tempo ser uma
alternativa aos combustíveis fósseis.Qian
Wang, do departamento de Química da Universidade de Cambridge, salienta
que o processo permite converter luz solar num combustível sem ficar com
muito desperdício, além de que, acrescentou Erwin Reisner, outro dos
autores do artigo, pode chegar-se a uma produção limpa de um combustível
que pode ser armazenado e transportado. O
dispositivo tem por base uma 'película fotocatalisadora' produzida a
partir de partículas semicondutoras transformadas em pó e que podem ser
produzidas em grande quantidade e sem custos avultados.Os investigadores argumentam que a nova tecnologia será fácil de alargar para uma escala industrial.Em
2019 o grupo de investigadores já tinha desenvolvido um reator solar do
mesmo género, mas que produzia um combustível conhecido como “syngas”. O
equipamento agora divulgado produz um produto mais limpo e com mais
potencialidades.“Ficámos surpreendidos em
como isto funcionou bem em termos da sua seletividade, não produziu
quase nenhum subproduto”, disse Qian Wang, acrescentando: “Por vezes as
coisas não funcionam tão bem como esperávamos, mas este foi um caso raro
em que funcionaram até melhor”.