Lusa com conselho de supervisão e descontos para ‘media’ em 2025
8 de out. de 2024, 11:32
— Lusa/AO Online
O
executivo tem dúvidas jurídicas quanto à gratuitidade do serviço da
Lusa, defendido pelo anterior Governo, devido ao direito da
concorrência da União Europeia (UE), e optou por descontos, de 50% a 75%
para os órgãos regionais e locais e de 30% a 50% para os media
nacionais.No plano, a que a Lusa teve
acesso, o Governo afirma que fez uma
auscultação ao setor, “avaliou e concluiu que a cedência de serviços”
gratuitos “levanta questões jurídicas” e teria “um impacto negativo”,
potenciando “despedimentos nas redações” e contribuiria para "a
diminuição do pluralismo”. Ainda assim,
propõe que “devem ser criados benefícios que aliviem os órgãos de
comunicação social nacionais nos custos associados aos serviços
atualmente indispensáveis da Lusa para qualquer meio”. Um dos objetivos
do executivo é “reforçar a missão da Lusa de dar cobertura noticiosa ao
país inteiro”. O plano prevê que esta
medida dos descontos seja adotada a 01 de janeiro de 2025, após "a
revisão do Contrato ser Serviço Público com visto do Tribunal de Contas”
e tem um custo estimado de dois milhões de euros de redução de receita
para a Lusa. O objetivo desta proposta é
reduzir os custos aos media, “contribuindo para a melhoria dos seus
planos de negócio e/ou canalização de fundos para o reforço das
redações”, “melhorar o acesso a pacotes” de informação da Lusa e
combater “assimetrias económicas, geográficas, sociais e demográficas”. O
Governo propõe um novo modelo de governação para a Lusa, através do
conselho de supervisão da Lusa, que tem por objetivo “reforçar a
independência da Lusa face ao poder político”, “proteger a liberdade
editorial da Lusa” e “reforçar a autonomia e estabilidade de gestão da
agência”.Ao conselho, com uma “composição
multissetorial na área dos media”, caberá “garantir a autonomia do
conselho de administração e a independência da direção de informação”.Supervisionar
a atividade da agência inclui pronunciar-se sobre a nomeação do
presidente do conselho de administração, “com um máximo de dois mandatos
de três anos cada”, escolha que deve “ter por base um plano estratégico
sistematizado, com identificação de objetivos a atingir”.Esta
solução visa que a Lusa “passe a estar verdadeiramente no mercado”, com
uma “ligação com associações, sindicatos, entre outras”, passando a ser
escrutinada “não apenas no que diz respeito aos resultados financeiros,
mas também em relação aos serviços que presta”.Justificando
a compra do capital da agência, em julho, em que o Estado ficou com
95,86% do capital, o executivo compromete-se “com um serviço público de
jornalismo” de forma a garantir que “a única agência de notícias tenha
uma propriedade isenta e sólida”. Em 2025,
o Estado pretende adquirir os restantes 4,14% do capital “de acordo com
o preço justo por ação e participação acionista”.Outro
dos objetivos traçados no Plano de Ação para a Comunicação é “reforçar e
requalificar os meios humanos com competências para a nova era digital”
e fazer uma “modernização tecnológica e digital” da agência, utilizando
a Inteligência Artificial “no apoio à produtividade da Lusa”,
nomeadamente no seu arquivo.A Lusa
apostará no combate à desinformação e “robustecer a literacia mediática e
o plano prevê que a agência vai ser reabilitada “com infraestruturas
(estúdios de gravação e auditórios) e aplicações informáticas” com uma
alteração ao ‘site’ e redes sociais, ‘newsletters e monitorização de
conteúdos. A parte do plano de modernização tem um custo estimado de quatro milhões de euros. Na parte do plano dedicado à RTP, preveem-se “novas sinergias” com a Lusa, “sem fusão de empresas e de redações”.