Lula dá ultimato à UE para assinar acordo comercial com Mercosul sábado
Hoje 17:23
— Lusa/AO Online
"Já avisei que, se não for agora, o
Brasil não fará mais o acordo [com a União Europeia] enquanto eu for
Presidente", declarou Luiz Inácio Lula da Silva, ao concluir uma reunião
com os membros do seu gabinete, na qual alertou que, se não se assinar
agora, será "duro" com o bloco comunitário.Lula
insistiu que a sua expectativa é que o acordo com o bloco europeu seja
assinado no próximo sábado, no âmbito da cimeira do Mercosul, que se
realizará na cidade de Foz do Iguaçu, no sul do Brasil.No entanto, "agora a França e a Itália não querem", disse o Presidente brasileiro. O Presidente
francês, Emmanuel Macron, "não quer [o acordo] por causa dos seus
agricultores" e a primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, "agora
opõe-se, vá-se lá saber porquê", criticou.Para
Lula da Silva, as condições negociadas até agora "são mais favoráveis"
para a UE do que para o Mercosul, sobre o qual afirmou que "cedeu em
tudo o que era diplomaticamente possível".Esta
terça-feira, o Parlamento Europeu aprovou novas cláusulas de
salvaguarda idealizadas para proteger os agricultores comunitários da
possível concorrência dos países do Mercosul.O
assunto ainda está em discussão no Parlamento Europeu e irá depois ao
Conselho da União Europeia, que tentam fechar uma posição no meio da
forte oposição da França e de outros países, aos quais se juntou agora a
Itália.Ao mesmo tempo, o Senado francês
aprovou na terça-feira uma resolução na qual insta o Governo a levar o
acordo comercial perante o Tribunal de Justiça da UE a fim de o
bloquear, o que mantém em dúvida a possível assinatura no próximo
sábado.Precisamente hoje - na véspera da
cimeira europeia na qual os chefes de Estado e de Governo da UE teriam
de dar o seu aval com uma maioria qualificada à assinatura do tratado
comercial - Macron assegurou que a França se oporá "muito firmemente" ao
pacto se as instituições europeias, a Comissão e o Conselho, tentarem
"impô-lo".A primeira-ministra italiana,
Giorgia Meloni, explicou hoje que é prematuro, para o seu país, assinar o
acordo comercial, pois acredita ser necessário aguardar pela
finalização do pacote de medidas adicionais para proteger o setor
agrícola.