Lula da Silva cita China como exemplo no comércio durante encontro empresarial em Pequim
12 de mai. de 2025, 14:40
— Lusa/AO Online
"A China tem sido
retratada como inimiga do comércio global", afirmou Lula da Silva na
abertura de um encontro empresarial em Pequim, onde sustentou que, pelo
contrário, o país asiático "tem sido um exemplo" de nação disposta a
fazer negócios e investir em “países desprezados" por outras potências
há décadas.Antes de abrir o fórum, o
Presidente brasileiro reuniu-se com altos executivos da empresa do setor
automóvel GAC, Windey Technology (turbinas eólicas), Envision Group
(energia eólica) e Norinco (defesa e infraestrutura), o que resultou no
anúncio de mil milhões de dólares (900 milhões de euros) em
investimentos na produção de combustível renovável de aviação com a
Envision.Além disso, foi acertada a
criação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Energias
Renováveis em parceria com a Windey Technology, segundo informações
divulgadas pela Presidência brasileira."O
Presidente reuniu-se separadamente com diversas empresas que vão
investir no Brasil, formar parcerias com instituições brasileiras,
estabelecer centros de pesquisa e gerar desenvolvimento tecnológico no
setor de energia", disse o ministro da Casa Civil, Rui Costa.O
governante explicou que, graças ao acordo com a Envision para a
produção de combustível renovável a partir da cana-de-açúcar no Brasil, o
país tornar-se-á “um dos maiores produtores de combustíveis verdes para
a aviação".Além dos acordos, também foi
assinado um memorando de entendimento sobre o Sistema de Gestão e
Segurança Pública para Cidades Inteligentes entre a Telebras e a Norinco
Brasil."Estes são projetos que
fortalecerão a posição do Brasil como referência mundial em transição
energética", disse Lula da Silva, na sua conta na rede social X. No
discurso aos empresários chineses e brasileiros, o chefe de Estado
sul-americano frisou que a cooperação entre o Senai Cimatec e a Windey
permitirá a instalação de um Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em
energia solar, eólica e sistemas de abastecimento.“A
experiência chinesa de refinação de minerais críticos contribuirá para
valorizar a produção no nosso território, inclusive com transferência de
tecnologia nos ciclos de montagem de baterias elétricas. Possuímos
reservas abundantes em terras raras, lítio, nióbio, cobalto, cobre,
grafite, urânio e tório”, defendeu Lula da Silva.O
Presidente brasileiro enfatizou que todos os acordos assinados com a
China são em parceria com empresas brasileiras, "promovendo pesquisa,
transferência de tecnologia e formação de mão-de-obra qualificada".“Hoje
demos mais um passo para fortalecer o nosso intercâmbio bilateral e
criar oportunidade de comércio e investimento e desenvolvimento. China e
Brasil são parceiros estratégicos e atores incontornáveis nos grandes
temas globais”, acrescentou.Em Pequim,
Lula da Silva participará na abertura da 11.ª Reunião Ministerial do
fórum China-CELAC e, em seguida, reunir-se-á com seu homólogo chinês, Xi
Jinping, com quem também assinará acordos para ampliar a cooperação
bilateral. O Presidente brasileiro também estará presente na reunião
China-CELAC com os presidentes da Colômbia e do Chile.O
encontro avaliará as relações da China com a América Latina num
contexto marcado pelo regresso ao poder nos Estados Unidos de Donald
Trump, cujo Governo lançou uma guerra comercial sem precedentes e também
pressiona os países americanos a reduzirem ou romperem os seus laços
com Pequim.A nível global, além de serem
membros do G20, Brasil e China, juntamente com Rússia, Índia e África do
Sul, são fundadores do fórum BRICS, ao qual se juntaram no ano passado
Irão, Egito, Emirados Árabes Unidos e Etiópia.O
Brasil ocupará a presidência anual do BRICS em 2025 e sediará a próxima
cimeira, por isso espera-se que Xi Jinping visite o Brasil nos próximos
meses.