Lula com a “impressão” que Bolsonaro sabia dos ataques

Brasil

19 de jan. de 2023, 08:44 — Lusa/AO Online

"Acho que a decisão dele de ficar quieto depois de perder as eleições, semanas e semanas sem falar nada; a decisão dele de tomar de não passar a faixa para mim, de ir embora para Miami como se estivesse fugindo com medo de alguma coisa”, afirmou o Presidente brasileiro durante uma entrevista exclusiva ao website da Globonews, a primeira que deu a um meio de comunicação depois de tomar posse como Chefe de Estado.“O silêncio dele mesmo depois do acontecimento daqui, me dava a impressão que ele sabia de tudo o que estava acontecendo, que ele tinha muito a ver com aquilo que estava acontecendo", frisou, acrescentando que “se Bolsonaro tiver participação direta, ele tem que ser punido".Horas antes, Lula da Silva já tinha  afirmado que o ex-chefe de Estado Jair Bolsonaro era culpado pelos ataques feitos por radicais às sedes dos três poderes no Brasil."Não sei se o ex-presidente mandou, o que eu sei é que ele tem culpa porque passou quatro anos mentindo para a sociedade brasileira instigando que o povo tinha de estar armado", afirmou Luiz Inácio Lula da Silva, no Palácio do Planalto, numa sala lotada de sindicalistas brasileiros.Estas declarações surgem após o Tribunal Superior Eleitoral do Brasil dar ao ex-presidente Jair Bolsonaro três dias para explicar o conteúdo de um projeto de decreto que previa que fosse decretado estado de emergência, encontrado na residência de um ex-ministro.O prazo foi fixado numa decisão do juiz do tribunal eleitoral Benedito Gonçalves, na segunda-feira, que ordenou a inclusão do documento numa investigação contra Bolsonaro por alegado abuso de poder durante a campanha para as eleições presidenciais de outubro.O texto controverso é o projeto de um decreto que permitiria a Bolsonaro estabelecer o estado de emergência para intervir no mais alto tribunal eleitoral e reverter o resultado das eleições de 30 de outubro, em que foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.O documento foi encontrado pela Polícia Federal na residência de Anderson Torres, que era ministro da Justiça de Bolsonaro e está detido desde sábado sob a acusação de alegada omissão, pois era responsável pela segurança em Brasília quando milhares de radicais invadiram a sede da presidência, do Congresso e do Supremo Tribunal Federal (STF).Jair Bolsonaro foi também incluído pelo STF na lista das pessoas sob investigação pelos violentos acontecimentos de 08 de janeiro, como autor intelectual e instigador dos ataques feito por extremistas aos três poderes, em Brasília.O ex-presidente, que se encontra atualmente nos Estados Unidos, é suspeito de incitar apoiantes a invadir e vandalizar as sedes do parlamento, da presidência e do STF.Caso Bolsonaro seja considerado responsável por abuso político e utilização de meios de comunicação oficiais a favor da campanha, o tribunal eleitoral pode condená-lo a um período de desqualificação política de pelo menos oito anos.