Lula apresenta hoje no G20 aliança contra a fome para a “erradicar de uma vez por todas”
24 de jul. de 2024, 11:17
— Lusa/AO Online
"A criação da
Aliança Global contra a Fome e a Pobreza é um projeto ambicioso que
representa o compromisso brasileiro com o objetivo de erradicar de uma
vez por todas a fome e a pobreza", afirmou, o ministro das Relações
Exteriores do Brasil, Mauro Vieira, em conferência de imprensa, no Rio
de janeiro, onde decorrem durante esta semana várias reuniões
ministeriais do G20.A Aliança vai ser
lançada numa reunião que contará com a presença de ministros de vários
países, entre os quais o ministro dos Negócios Estrangeiros português,
Paulo Rangel, e passará a estar aberta a adesões, com a expectativa de
que seja definitivamente lançada em novembro, durante a Cimeira de
Líderes do G20, também no Rio de Janeiro.Aberta
a todos os países, esta iniciativa procura coordenar ações e parcerias
técnicas e financeiras para apoiar a implementação de programas
nacionais nos países que aderirem à proposta e ainda o financiamento de
políticas públicas para a erradicação da fome e da pobreza no mundo. Em
entrevista à imprensa estrangeira, em Brasília, na segunda-feira, Lula
da Silva afirmou que “a fome e a pobreza são um fenómeno do
comportamento humano, ou seja, dos dirigentes políticos.“Então,
a ideia de a gente criar essa coisa importante da aliança global contra
a desigualdade e a fome é a razão principal, o tema principal do G20”,
frisou.As bases da aliança foram aprovadas
por consenso por mais de 50 delegações, incluindo os membros do G20, o
fórum que reúne as maiores economias do mundo, além da União Europeia e
da União Africana, países convidados e organizações internacionais.Entre
os documentos consensuais estão os “Termos de Referência e Estrutura de
Governança da Aliança”, os critérios para a composição da das políticas
públicas que serão apoiadas pela Aliança e o modelo das declarações de
compromisso que todos os membros da iniciativa terão que assinar.De
acordo com o Governo brasileiro, a parceria proposta não parte do zero,
pois a intenção é ajudar os países a cumprir os compromissos assumidos
em 2015, quando, a pedido da ONU, aprovaram os Objetivos de
Desenvolvimento Sustentável.O ministro do
Desenvolvimento Social do Brasil, Wellington Dias, explicou que a ideia é
que cada país elabore o seu próprio plano e defina as suas metas de
combate à fome e à pobreza, e que a Aliança ajude a cumpri-las com
dotações financeiras e também com tecnologias e conhecimentos.Os membros da Aliança também estão a considerar a criação de um fundo global de combate à fome.A
iniciativa começou a ser discutida na cimeira dos chefes de Estado do
G20 do ano passado, em Nova Delhi, quando os membros do G20 aceitaram a
proposta de Lula da Silva de incluir pela primeira vez o tema da
erradicação da fome na sua agenda.Em 2022, de acordo com as Nações Unidas, cerca de 750 milhões de pessoas no mundo passavam fome.Antes
da apresentação de Lula da Silva, a Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO) divulga no Rio de Janeiro o relatório
anual sobre o estado da segurança alimentar e da nutrição no mundo.O
relatório fornece os dados mais atualizados sobre a fome, a segurança
alimentar e a nutrição a nível mundial, e inclui estimativas do custo e
do acesso a regimes alimentares saudáveis para toda a população mundial.O
documento descreve os atuais níveis de financiamento, bem como o
défice existente de segurança alimentar e nutrição no mundo.Fornece
também orientações sobre opções de financiamento inovadoras para
enfrentar os principais fatores que ameaçam a segurança alimentar e
diretrizes sobre as transformações dos sistemas agroalimentares
necessárias para libertar o mundo da fome.