Lukashenko responde com ameaças e alude a uma nova guerra mundial
26 de mai. de 2021, 17:42
— Lusa/AO online
“Estamos
na primeira linha de uma de uma nova guerra, já não fria, mas gélida”,
afirmou Alexander Lukashenko numa intervenção perante as duas câmaras do
parlamento bielorrusso, citado pela agência noticiosa oficial local
BELTA.Para o Presidente bielorrusso, foi
“aberta uma guerra híbrida, a vários níveis” contra o país, cujo
objetivo é “demonizar” a Bielorrússia.“Somos
um pequeno país, mas responderemos adequadamente. Há exemplos parecidos
no mundo. Mas, antes de se agir sem pensar, há que recordar que a
Bielorrússia é o centro da Europa e que, se aqui estalar algo, será uma
nova guerra mundial”, avisou.Lukashenko
sublinhou que, diante de uma qualquer sanção, ataque ou provocação, a
Bielorrússia “responderá com dureza”, avisando que o Ocidente “não está a
deixar outra opção”.“Vamos compensar as
sanções com ações ativas noutros mercados. Vamos substituir a Europa,
inexoravelmente envelhecida, pela Ásia, em rápido crescimento. A nossa
sociedade está pronta para se tornar a nova Eurásia, o posto avançado da
nova Eurásia”, acrescentou. Por seu lado,
o primeiro-ministro bielorrusso, Roman Golovchenko, disse ter já sido
preparado um pacote de medidas de proteção para empresas e cidadãos, que
consiste num possível embargo às importações de mercadorias do Ocidente
e restrições ao seu trânsito.Além disso,
Lukashenko também alertou para a ideia de que a Bielorrússia pode
enfraquecer o controlo sobre o tráfico de drogas e sobre a migração
ilegal, obrigando a que os europeus fiquem encarregados de assumir a
totalidade do problema.O Presidente
bielorrusso avisou também os que estão a preparar novas sanções contra a
Bielorrússia para que “não se esquecerem de compensar” as despesas
feitas por Minsk durante a investigação do incidente.“Isto tem de ser pago”, acrescentou.Lukashenko
voltou a defender que, no incidente da aterragem forçada do avião da
Ryanair, as suas ações foram ajustadas ao enquadramento legal. “Agi
de acordo com a lei, defendendo as pessoas de acordo com todos os
padrões internacionais”, disse Lukashenko, que garantiu que as alegações
de que o avião de passageiros foi forçado a pousar por um caça MiG-29
são uma “total mentira”. O Presidente
bielorrusso sustentou que a missão do caça bielorrusso foi garantir a
comunicação com o avião de passageiros e conduzi-lo ao aeroporto de
Minsk em caso de situação crítica. As
autoridades bielorrussas detiveram no domingo o jornalista Roman
Protasevich, depois de Lukashenko ter ordenado que o voo da companhia
aérea Ryanair, que fazia a rota de Atenas para Vílnius, fosse desviado
para o aeroporto de Minsk.Protasevich, de
26 anos, é o ex-chefe de redação do influente canal Nexta, que se tornou
a principal fonte de informação nas primeiras semanas de protestos
antigovernamentais após as eleições presidenciais de agosto de 2020.Várias
instituições e países do Ocidente condenaram já a ação das autoridades
bielorrussas, que asseguram ter agido dentro da legalidade ao intercetar
o voo comercial da Ryanair, argumentando que havia uma ameaça de bomba
feita pelo grupo palestiniano Hamas.A
Bielorrússia atravessa uma crise política desde as eleições de 09 de
agosto de 2020, que segundo os resultados oficiais reconduziram o
Presidente, Alexander Lukashenko - no poder há mais de duas décadas -
para um sexto mandato, com 80% dos votos.A oposição denunciou a eleição como fraudulenta e reivindicou a vitória nas presidenciais.Desde
então, o país testemunhou uma vaga de protestos populares para exigir o
afastamento de Lukashenko, manifestações conduzidas pela oposição que
têm sido reprimidas com violência pelas forças de segurança da
Bielorrússia.