Luís Montenegro admite financiamento público para comunicação social
3 de jun. de 2024, 10:15
— Lusa/AO Online
Numa intervenção na
conferência dos 136 anos do Jornal de Notícias, na Casa da Música, no
Porto, o chefe do Governo acrescentou que “a atração de capital privado
deve também ser estimulada”, acrescentando que o Estado deve “garantir
um bom retorno dos investimentos que ocorreram”.“Também
precisamos de instrumentos de mecenato para a comunicação social,
precisamos que o capital que é atraído para esta atividade possa ter
condições de retribuir o esforço que está a dar”, disse ainda Luís
Montenegro.Para Luís Montenegro, “o país,
para se desenvolver, para aproveitar o seu potencial criativo, que pode
motivar mais conhecimento, mais ciência, mais formas de inovação, de
fazer mais do que foi feito anteriormente e, muitas vezes, mais do que
os outros fazem ao nosso lado, é um país que precisa de liberdade,
também na informação”. Afirmando-se
“claramente muito preocupado com a forma como hoje se pode e deve
materializar uma informação rigorosa, uma informação isenta e
criteriosa”, assinalou que hoje em dia “a concorrência ao bom jornalismo
é enorme, a concorrência das redes sociais, das plataformas que
selecionam apenas a informação que querem […] rentabilizando sem custo a
informação que os outros construíram, ficando com os recursos que fazem
falta ao bom jornalismo e aos órgãos de comunicação social para serem
sustentáveis”.“Com a mesma naturalidade e
franqueza com que assumo que o país precisa de bons políticos, o país
também precisa de bons jornalistas, jornais e órgãos de comunicação
social. Mas quando todos dão as mesmas notícias, quando um só
acontecimento é capaz de colocar todos os jornalistas à procura de uma
reação que depois multiplica por sete, oito, dez agentes no caso dos
partidos políticos […] eu pergunto-vos se a pessoa que está em casa é
isso que verdadeiramente quer saber?”, questionou o primeiro-ministro.Neste
contexto, Montenegro disse ser “importante que os poderes públicos
possam ter uma política que garanta maior sustentabilidade financeira ao
setor”, acrescentando: “Sim, que possa haver regulação, quem são os
proprietários, quem são os interesses que estão à volta dos órgãos de
comunicação social, que possa haver uma carreira jornalística que valha a
pena, porque hoje não vale a pena. A maior parte dos jornalistas ganham
mal, para não dizer que ganham pessimamente e têm sobre a tal
importância global de alimentar a informação de um país”.No
programa do Governo liderado por Luís Montenegro pode ler-se que o
Executivo pretende, entre outras medidas, “criar um Plano de Ação para
os média, envolvendo o setor dos média tradicionais e digitais, a
academia, a sociedade civil, de forma a dar resposta aos graves
problemas estruturais e conjunturais decorrentes das profundas mudanças
tecnológicas, da configuração da nova oferta de conteúdos, da crise nas
cadeias de produção e da violação de direitos de consumidores e
empresas”. Citado na edição de hoje do
Jornal de Notícias, o ministro dos Assuntos Parlamentares, Pedro Duarte,
disse que o plano de ação para o setor seria apresentado em breve.