Luís Alberto Bettencourt “em busca do sol” com novo álbum
14 de abr. de 2021, 10:15
— Carolina Moreira
Quatro anos após o seu último trabalho, o músico micaelense Luís
Alberto Bettencourt lançou no passado dia 9 de abril um novo álbum
intitulado “Em Busca do Sol”, composto por “retratos fiéis” da sua
consciência.Em conversa com o Açoriano Oriental, o artista confessa
que as nove faixas do seu novo disco são “fotografias da alma,
revestidas de melodia e de algumas harmonias”, sendo o resultado de “um
tempo de cativeiro, em que tive mais tempo para escrever e para retratar
esses sentimentos”.“As temáticas do disco são variadas. Faço uma
pequena abordagem ao Rock and Roll no primeiro tema ‘Não leves a mal’,
onde retrato uma certa saturação e angústia por ter passado tanto tempo
em cativeiro e que está expresso na letra quando digo que ‘o mundo gira
ao contrário, está a dar cabo de mim’. Falo também de amor noutros
temas, que é onde me sinto mais à vontade, e também tenho uma pequena
homenagem a alguns compositores brasileiros, porque gosto muito, através
do tema ‘Jobim’”, conta.Para Luís Alberto Bettencourt, este é um
disco “multicor” e “sem grande fidelidade sonora”, tendo em conta que
“não há uma linha melódica igual, passo por influências diversas desde a
Pop até ao Bossa Nova, de modo que é a minha maneira de compor, é a
minha maneira de sentir e de me retratar”, explica.O músico e
compositor que já conta com 40 anos de carreira ressalva que continua a
não se sentir “preso ou obrigado” a seguir uma determinada corrente
musical, afirmando mesmo que “posso e devo variar conforme a alma me
pede”.“É assim que gosto de libertar o meu conceito de fazer música e de construir as minhas canções”, esclarece.Segundo
Luís Alberto Bettencourt, a inspiração para este novo disco passou
muito por “sentimentos que guardamos e que transpomos para o papel”,
passando por temas como o “amor universalista” até a “um lugar ou uma
cidade que nos deixou raízes profundas”.Já o nome do álbum, “Em
Busca do Sol”, surge devido à “necessidade de arranjarmos uma luz
interna que nos possa conduzir a um cenário mais otimista”. “Nós vivemos
num tempo de preocupação, de amargura e, além de precisarmos do sol
astro, precisamos também do sol espiritual. Por isso, pensei que este
título identificasse o conteúdo do próprio trabalho”, realça o músico.À
semelhança de outros discos, o novo álbum de Luís Alberto Bettencourt
conta com várias colaborações que, segundo o artista, dão “mais cor” ao
seu trabalho.“Como habitualmente, tenho várias colaborações em
diferentes faixas. Convidei a Cacau Cruz, que é uma cantora brasileira
que vive na ilha Terceira, para colaborar comigo no tema ‘Labirinto’ e a
Marisa Oliveira dos The Code para participar na música que dá nome ao
álbum”, diz.Desde o seu último trabalho - “Coletânea” - para este
mais recente, o artista micaelense ressalva que se nota uma evolução.
“Vamos sempre aprendendo, tanto com os erros como com o delapidar do
tempo. Tive muito mais cuidado com as composições para não cair em erros
passados. O tempo é um bom companheiro”, constata.Músico e compositor micaelense conta com 40 anos de carreira e várias bandasLuís Alberto Bettencourt nasceu em Ponta Delgada e, desde muito cedo, mostrou vocação para escrever canções e fazer harmonias.Enquanto
jovem, teve uma breve passagem pelo Conservatório Regional de Ponta
Delgada, tendo mais tarde integrado vários projetos como “Os
Académicos”, “Turma5”, “Phoenix” e os “Construção”.A vida militar
leva-o a viver no arquipélago de Bijagós, na Guiné-Bissau, onde conhece
músicos africanos que ainda hoje influenciam a sua música. Compôs
várias referências da música açoriana como a “Chamateia” e já foi
distinguido com vários prémios como a Insígnia Autonómica de
Reconhecimento, atribuída pela Assembleia Regional dos Açores.