Longe das metas de Paris, cimeira servirá para renovar compromissos
4 de dez. de 2023, 17:24
— Lusa
“Temos tudo o
que é necessário para agir. Só precisamos que os países cumpram aquilo
com que se comprometeram”, disse Jorge Moreira da Silva, que lidera,
desde março, a agência das Nações Unidas para Serviços de Projeto
(UNOPS).Na 28.ª Conferência das Nações
Unidas sobre Alterações Climáticas (COP28), que está a decorrer no
Dubai, Emirados Árabes Unidos, um dos principais destaques é a
realização do primeiro balanço do que tem sido feito para combater o
aquecimento global, em resultado do Acordo de Paris sobre redução de
emissões de gases com efeito de estufa, aprovado em 2015 na COP21.Por isso, Jorge Moreira da Silva considerou que a COP28 “não pode ser confundida com uma COP dedicada a negociações”.“Aquilo
que está aqui em causa não é uma negociação, é uma avaliação e
renovação de compromisso na ação”, explicou, justificando que, ao
contrário de cimeiras como a de Paris, França (em 2015), Copenhaga,
Dinamarca (em 2009) ou Quioto, Japão (em 1997), o entendimento já
existe, falta “apenas” cumprir os compromissos.O
problema, acrescentou, é que esses compromissos, que definiram como
objetivos a redução das emissões e a limitação do aumento das
temperaturas mundiais a dois graus celsius (ºC) e, se possível, 1,5ºC
acima dos valores médios da era pré-industrial, estão longe de ser
cumpridos.“A lacuna entre aquilo com que
os países se comprometeram e aquilo que estão a entregar é demasiado
grande para que possamos ser condescendentes. Estamos numa situação
limite”, alertou o responsável das Nações Unidas.Citando
o recente relatório do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente,
Jorge Moreira da Silva recordou que, com as medidas atuais, o planeta
caminha para um aumento de temperatura entre os 2,5°C e os 2,9 °C até
final do século.Por outro lado, apesar do
compromisso para reduzir em 43% as emissões de gases com efeito de
estufa até 2030, a avaliação que está a decorrer antecipa um aumento de
3% por essa altura, acrescentou, referindo também que o financiamento
das políticas climáticas se limita a um sexto daquilo que seria
necessário (cerca de seis biliões de dólares).Ainda
assim, o diretor executivo da UNOPS está otimista quanto aos potenciais
resultados da COP28 e justifica que, em seu entender, existe hoje um
consenso mais alargado do que há duas décadas, quando começou a
dedicar-se às alterações climáticas.“Não
posso deixar de expressar a minha confiança, porque se não tivéssemos a
base cientifica, o apoio dos cidadãos, uma maior consciencialização das
empresas das vantagens da descarbonização, isso sim seria difícil. Mas
temos as três coisas”, observou.Jorge
Moreira da Silva não deixou, no entanto, de sublinhar a urgência da ação
climática e alertar que já não basta caminhar contra as alterações, mas
é preciso correr e, neste momento, nenhum país está a fazer tudo o que
pode.