"A
Rainha recebeu em audiência" Liz Truss "e pediu que formasse um novo
governo", anunciou através da rede social Twitter, momentos depois de
publicar uma foto da monarca de 96 anos apoiada numa bengala, apertando a
mão àquela que se torna a 15.ª primeira-ministra em 70 anos de reinado.A
audiência teve lugar no Castelo de Balmoral, na Escócia, e não no
Palácio de Buckingham, em Londres, como é tradicional, devido aos
problemas de mobilidade de Isabel II.Boris
Johnson saiu minutos antes, cerca das 12:00, onde tinha chegado esta
manhã esta manhã com a esposa, Carrie, para ser recebido pela rainha.Num
comunicado, a família real indicou que Johnson "apresentou a sua
demissão como primeiro-ministro e Primeiro Lorde do Tesouro, que sua
majestade teve o prazer gracioso de aceitar”.Liz
Truss encontra-se agora a viajar de regresso a Londres para a
residência oficial em Downing Street, onde fará um discurso pelas 16:00 e
começar a anunciar a composição do governo. A
transição resultou da eleição interna para a liderança do Partido
Conservador iniciada em julho, da qual Truss foi declarada vencedora na
segunda-feira com 57% dos votos. Num breve
discurso de despedida à porta de Downing Street pelas 7:30 desta manhã,
Boris Johnson reivindicou uma série de medidas tomadas durante o tempo
em funções perante de uma multidão de apoiantes, assessores e
jornalistas. Johnson comparou-se a um "foguetão que completou a missão" e voltou a entrar na atmosfera. "Darei a este governo o meu apoio incondicional", prometeu.O
mandato durou três anos e 44 dias, um dos mais curtos na história mas
ainda assim um mês a mais do que a antecessora Theresa May, resultado de
uma série de escândalos que desencadeou dezenas de demissões no governo
no início de Julho.Eleita por 57% dos
142.000 militantes do Partido Conservador que votaram, contra 43% do
rival Rishi Sunak, Liz Truss, 47 anos, foi até agora ministra dos
Negócios Estrangeiros.Na segunda-feira
prometeu governar "como Conservadora", pôr em prática "um plano ousado
para reduzir impostos e fazer crescer a nossa economia" e derrotar os
Trabalhistas nas eleições legislativas previstas para 2024.Como
terceira primeira-ministra depois de Margaret Thatcher (1979-1990) e
Theresa May (2016-2019), o anúncio da composição do governo na
terça-feira será um primeiro teste de Truss, que fez campanha com
políticas à direita.O ministro da
Economia, Kwasi Kwarteng, 47 anos, é apontado pela imprensa como o
próximo ministro das Finanças, a procuradora-geral, Suella Braverman, 42
anos, deverá assumir o Ministério do Interior, James Cleverly, de 53
anos, passará da Educação para osNegócios Estrangeiros, e a ministra do
Trabalho, Theresa Coffey, é esperada no Ministério da Saúde. O
ministro da Defesa, Ben Wallace, deverá permanecer em funções, mas
Nadine Dorries recusou continuar com a pasta da Cultura e os ministros
da Justiça, Dominic Raab, e dos Transportes, Grant Shapps, deverão ser
preteridos devido ao apoio a Sunak. Depois
da estreia de Truss no debate semanal com os deputados e frente ao
líder da oposição, o Trabalhista Keir Starmer, no Parlamento, na
quarta-feira, o novo governo pretende anunciar já na quinta-feira um
pacote para tentar travar a crise económica. Segundo a imprensa britânica, este incluirá um congelamento dos preços da energia para famílias e empresas. Dentro de dias é esperado o anúncio de cortes fiscais para impulsionar a economia prometidos durante a campanha. Truss
herda de Boris Johnson um partido Conservador polarizado e um grupo
parlamentar que apoiou maioritariamente Rishi Sunak, antigo ministro das
Finanças. Desde segunda-feira que os
apelos à unidade multiplicaram-se, liderados por Boris Johnson, que, por
enquanto, se mantém como deputado, ao contrário do que fizeram
antecessores como David Cameron ou Tony Blair.