Livro inédito do poeta açoriano Pedro da Silveira apresentado na Biblioteca Nacional
19 de set. de 2019, 11:57
— Lusa/AO Online
O poeta, natural da ilha das Flores, através
do volume “Fui ao Mar Buscar Laranjas - Poesia Reunida” vê concentradas
todas as suas edições publicadas em vida, a par de um conjunto de
dispersos e do livro, até agora inédito, “Ossos na Areia”, cujo trabalho
de recolha e edição foi assegurado pelo escritor e docente
universitário Urbano Bettencourt.O poeta
Urbano Bettencourt -- que recorda à agência Lusa ter sido editado um
primeiro volume da obra completa de Silveira, pelo próprio autor, em
1999 -- refere que o inédito que estava a ser preparado faz parte do
espólio do escritor, confiado à Biblioteca Nacional, onde trabalhou,
reunindo um conjunto de 50 poemas novos, a par de alguns textos
dispersos na imprensa.O docente
universitário destaca o facto de o título da obra poética completa do
poeta florentino (“Fui ao Mar buscar Laranjas”) ser o primeiro verso de
uma quadra do "Cancioneiro Geral dos Açores".Para
o docente universitário esta quadra "é como se fosse uma confissão de
alguma humildade face ao seu trabalho poético”, salientando-se que se
está perante uma poesia de “grande qualidade, diversificada”, com base
em poemas narrativos, “oriundos da tradição popular, muito curtos por
influência do contacto com algumas poéticas orientais, japonesas”.O
escritor açoriano considera que “a sua poesia é extremamente
diversificada, muito segura, com uma componente insular bastante
acentuada”.Urbano Bettencourt explica que o
poeta não é conhecido em termos nacionais e é pouco reconhecido nos
Açores, porque “manteve uma presença mais visível e continuada” na
investigação, debruçando-se sobre a história, literatura e tradições
populares, daí que, de “algum modo, tende-se a esquecer que ele, de
facto, é um poeta, como fundamentalmente se considerava”."Conhece-se
muito mal a sua poesia marcada pela viagem, pela procura, inquietação e
pelas leituras. É um poeta que vale a pena recuperar, redescobrir pela
linguagem e temas que atravessam a sua obra", afirma Bettencourt,
esperando que esta publicação venha “recentrar a atenção na sua poesia”.Natural
da freguesia da Fajã Grande, ilha das Flores, onde nasceu em 05 de
setembro de 1922, Pedro da Silveira, que morreu aos 80 anos, iniciou em
Ponta Delgada a sua vida literária, tendo-se fixado em Lisboa, em 1951.Colaborou
em jornais e revistas como O Comércio do Porto, O Primeiro de Janeiro,
Vértice, Mundo Literário, O Diabo, Seara Nova, de que foi chefe de
redação, Colóquio-Letras, Diário dos Açores, O Monchique e na Revista
Municipal das Lajes das Flores.É
responsável pela publicação de alguns estudos sobre a história e o
folclore dos Açores, tendo gerado três documentos inéditos sobre a
história do povoamento das Flores e Corvo: “Materiais para Um Romanceiro
da Ilha das Flores (1961)”, “Catorze trovas e um conto recolhidos na
Ilha das Flores” e “Das tradições na Ilha das Flores”.A
apresentação da obra na Biblioteca Nacional, após a apresentação na sua
terra natal, estará a cargo de Fátima Freitas Morna, professora na
Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, e de Urbano Bettencourt.