Livro indica que família de Anne Frank poderá ter sido traída por mulher judia
12 de jun. de 2018, 14:47
— Lusa/AO online
O
livro, 'De achtertuin van het Achterhuis' (O Quintal do Anexo Secreto,
em tradução livre), escrito por Gerard Kremerm, avança com o nome de Ans
van Dijk como a informadora do regime que traiu a família.Ans
van Dijk, que confessou ter traído 125 pessoas, já tinha sido referida
em outras investigações, mas sem nunca existirem provas conclusivas da
sua ligação à família Frank.Kremer,
de 70 anos, reconta um episódio em que o seu pai, membro da resistência
holandesa, viu van Dijk a conversar com oficiais nazis em agosto de
1944 sobre uma casa no canal de Prinsengracht, na cidade holandesa de
Amesterdão.Esta
teoria é a mais recente em relação ao relato do informador que resultou
na detenção das famílias residentes no anexo secreto em Prinsengracht.Grande
parte das teorias baseia-se numa presumida chamada telefónica recebida
pelas SS (“Schutzstaffel” – tropa de proteção) em Amsterdão, no dia 4 de
agosto de 1944, feita por uma pessoa que morreu em 1945 sem nunca ter
sido questionada."Não
acredito que conseguiremos descobrir uma resposta, mas as teorias
continuam a aparecer a cada ano", explicou o historiador holandês David
Barnouw, um dos maiores peritos sobre a história de Anne Frank.A
mais recente investigação do próprio Museu Anne Frank, realizada por
Gertjan Broek em 2016, estabelece a hipótese de que não existiu nenhuma
traição, sendo que as secretas alemãs entraram na casa holandesa em 1944
no âmbito de uma investigação de um caso de fraude de cupões de
racionamento, deparando-se, durante o registo, com o anexo secreto onde
viviam Fritz Pfeffer, e as famílias Frank e Van Pels.Broek considera também não existirem provas conclusivas contra Ans van Dijk no caso de Anne Frank.Atualmente,
um ex-agente do FBI, Vice Pankoke, iniciou a sua própria investigação
do sucedido, a que se refere como caso arquivado, procurando cruzar
todos os documentos disponíveis sobre o caso, desde registos de chamadas
telefónicas a mandados de captura na área.Já foi anunciado um acordo que visa a publicação de um livro em 13 línguas sobre a investigação realizada por Pankoke.A
adolescente e a família entraram na clandestinidade em julho de 1942 no
apartamento secreto da empresa familiar, a que chamaram "o anexo", para
escapar aos nazis.A família ficou ali escondida durante dois anos, até agosto de 1944, quando foi descoberta e deportada.Foi
naquele apartamento que a adolescente escreveu o seu diário, no qual
retratava a sua vida e a da família, bem como a de várias outras
pessoas, uma das obras mais lidas no mundo, que já vendeu mais de 30
milhões de exemplares e da qual há traduções em 67 línguas.Anne Frank morreu de febre tifoide no início de 1945 no campo de concentração de Bergen-Belsen, alguns dias após a sua irmã.O pai, Otto, foi o único sobrevivente do anexo.