Livre vai abster-se na votação na generalidade e deixa avisos para final global
OE2023
27 de out. de 2022, 14:27
— Lusa/AO Online
“O
Livre defende uma estratégia orçamental ancorada em opções económicas e
fiscais que atendam à emergência social e ambiental como prioridades,
bem como à garantia de serviços públicos de qualidade. Isso significa
que estamos disponíveis para dialogar com cada um dos ministros, após um
voto de abstenção na generalidade, procurando ir ao encontro do que os
nossos eleitores esperam do Livre na discussão em especialidade”, lê-se
numa mensagem da direção do partido enviada aos membros esta manhã e à
qual a Lusa teve acesso. Esta madrugada,
como já é habitual, o Livre reuniu a sua Assembleia – órgão máximo entre
congressos – para fechar o sentido de voto na generalidade, e no texto
enviado aos membros avisa que a posição na votação final global ficará
dependente das conversações com o Governo na especialidade.“Esta
posição assume que apenas com um compromisso sério do Governo em
relação a propostas de alteração substantivas e com real impacto que o
Livre venha a submeter é que poderemos aceder a votar de outra forma que
não contra, no momento da votação final global”, lê-se. Para
o partido representado na Assembleia da República pelo deputado único
Rui Tavares a proposta do Governo para o OE2023 “dita uma falsa escolha
entre “contas certas” ou rigor orçamental e a continuação do caminho de
recuperação de rendimentos iniciado nas anteriores legislaturas”. Na
opinião do Livre, com esta proposta “o Governo prefere um orçamento
contido, que seria adequado num momento de crescimento da economia e com
inflação em níveis normais, mas que acaba assim por agravar a
probabilidade da recessão, que considera improvável, mas para a qual
quer estar preparado”. O partido salienta
que “não é irrelevante a preocupação com a diminuição da dívida pública,
na medida em que esta limita o preço a pagar pela sua manutenção ou por
cada nova procura de financiamento por parte do Estado”.“Contudo,
um cenário inflacionário como aquele que atravessamos tem um efeito
lateral de redução do rácio da dívida pública e dá-nos tempo adicional
para atingir os objetivos inicialmente traçados”, escrevem, referindo
que outros países da União Europeia estão a optar por “centrar a sua
política orçamental no aumento real e significativo dos rendimentos, das
prestações sociais e em medidas direcionadas para as pequenas e médias
empresas”. “Nesta proposta de Orçamento do
Estado, caberá à classe média o ónus de suportar o impacto da inflação e
os serviços públicos são condenados à estagnação, nos casos em que não
sofrem cortes nos seus orçamentos”, acusam. O
partido representado por Rui Tavares no parlamento insiste na criação
de uma empresa pública de hidrogénio, e lembra algumas das propostas que
conseguiu incluir no Orçamento do Estado para 2022, cuja execução
acompanha “com atenção e exigência”. O
Livre quer também ver concretizada uma proposta recentemente aprovada no
parlamento sobre os créditos à habitação, “que garante que os bancos
oferecem alternativas a quem vê a sua prestação aumentar de forma
assinalável, face ao aumento de indexantes como a Euribor”, impedindo
que a banca crie obstáculos a clientes que queiram mudar da taxa
variável para a taxa fixa. “Do mesmo modo,
durante o diálogo com o Governo sobre o orçamento para o próximo ano, o
Livre colocará em cima da mesa medidas como o passe ferroviário
nacional, a criação de um serviço de transporte escolar público, o
reforço da dotação da Cultura e muitas outras que irão sendo
apresentadas ao longo do processo de discussão na especialidade”,
escrevem. À semelhança do que aconteceu no
primeiro dia de debate sobre o OE2023, Rui Tavares vai intervir na
discussão de hoje por videoconferência e votar à distância, por estar
infetado com covid-19, solução acordada esta semana em conferência de
líderes extraordinária.Na votação do
Orçamento do Estado para 2022 o Livre absteve-se na generalidade e na
votação final global, e conseguiu ver algumas das suas propostas
aprovadas pela maioria socialista. Algumas
das medidas que na altura tiveram ‘luz verde’ foram o ‘Programa 3 ‘C’ -
Casa, Conforto e Clima’, de melhoria da eficiência energética e das
condições de habitacionais da população mais carenciada, um
projeto-piloto da semana de trabalho de quatro dias, assim como o
alargamento do subsídio de desemprego a vítimas de violência doméstica.O
Orçamento do Estado é votado hoje na generalidade, seguindo para a fase
de especialidade e tem votação final global agendada para 25 de
novembro.